Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor
AJUDANTE DE ORDENS DOS PORÕES
O que mais me espanta na nota do general Heleno não é o rosnar de um quadrúpede em forma de texto, mas a assinatura. Reparem. Ampliem a imagem. É uma letra quase infantil, hesitante, trôpega e que parece desenhada com medo de errar.
Exibe a grafia de alguém com nítido descasamento entre desejo e possibilidade, como o valentão de colégio que avança sobre colegas menores mas se borra de medo diante dos mais fortes. É capaz de chefiar uma tropa violenta numa cidade miserável, mas se mostra incapaz de ordenar ideias para uma debate civilizado.
Ameaça dar um golpe de Estado em favor de seus amigos milicianos, sabendo da total insustentabilidade da bravata. Heleno dá uma de macho de janela, mas teme a exposição da própria tosquice.
Não bastasse, o sujeito incorpora a patente ao nome de batismo. Imagino sua progressão funcional no Exército: a cada par de anos mudava a firma.
Não passa de um ajudante de ordens dos porões.
É um garrancho ambulante.
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