
O multi-instrumentista Hermeto Pascoal morreu neste sábado (13), no Rio de Janeiro, aos 89 anos. A informação foi confirmada pela família nas redes sociais e pelo Hospital Samaritano Barra, que informou falência múltipla dos órgãos às 20h22. Conhecido como “o bruxo”, o músico é considerado uma das maiores referências da música instrumental no Brasil e no mundo.
Nascido em Lagoa da Canoa, em Alagoas, Hermeto começou a tocar acordeom aos 10 anos de idade, de forma autodidata, e seguiu carreira marcada pelo improviso e pela experimentação. Sua capacidade de transformar objetos do cotidiano em instrumentos – como chaleiras, brinquedos e até animais – o tornou uma figura singular na música contemporânea.
Reconhecido internacionalmente, Hermeto Pascoal foi chamado por Miles Davis de “o músico mais impressionante do mundo”. Ao longo da carreira, recebeu três prêmios Grammy Latino e gravou com importantes nomes do jazz, além de manter uma produção autoral que uniu baião, frevo, música clássica e sons experimentais sob a ideia que ele chamava de “música universal”.
Mesmo aos 89 anos, Hermeto seguia ativo nos palcos. Em junho de 2025, realizou seu último show no Circo Voador, no Rio, transformado em uma celebração de aniversário. Pouco antes, havia cumprido agenda de nove apresentações pela Europa, em sete países. A música, dizia, era “vida e respiração”.
Em 2024, lançou o disco “Pra você, Ilza”, em homenagem à companheira com quem viveu por quase cinco décadas. No mesmo ano, ganhou uma biografia escrita pelo jornalista Vitor Nuzzi e foi reconhecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) com um dos melhores álbuns do ano. Hermeto também recebeu títulos de doutor honoris causa no Brasil e no exterior, incluindo pela prestigiada Juilliard School, em Nova York.
Hermeto Pascoal deixa seis filhos, 13 netos e 10 bisnetos. Para além da obra vasta e reconhecida, sua morte marca o fim de uma trajetória que atravessou fronteiras e rompeu rótulos musicais. “A idade não existe. O que existe é a felicidade de viver e de passar essa felicidade para os outros”, dizia o músico, que transformou o improviso em linguagem universal.
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