“Herói”: Quem é o alpinista voluntário que tentou salvar brasileira Juliana na Indonésia

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 11:15
O alpinista voluntário Agam Rinjani, que liderou o grupo de resgate da brasileira Juliana Marins na Indonésia. Foto: Reprodução

O alpinista Agam Rinjani, conhecido por suas expedições na Indonésia, tornou-se o rosto do resgate de Juliana Marins, brasileira de 26 anos que caiu de uma encosta de cerca de 500 metros no Monte Rinjani. Sem apoio oficial, Agam mobilizou voluntários, enfrentou frio, chuva e riscos de morte para manter a jovem viva até o amanhecer.

Agam nasceu em Makassar e é um dos alpinistas mais conhecidos de Lombok. Com mais de 665 mil seguidores nas redes sociais, ele compartilhou toda a operação em tempo real. Nas postagens, aparecia subindo a trilha com uma lanterna no capacete e motivando a equipe: “Gás, gás, gás”, escreveu.

Durante a madrugada, Agam e os colegas passaram horas ao lado de Juliana à beira de um penhasco de 590 metros, tentando evitar que ela caísse mais 300 metros.

“O risco de vida era real. Eu e os outros voluntários sabíamos que poderíamos morrer”, disse. A operação foi dificultada pela forte chuva, frio intenso e deslizamento de pedras.

Agam Rinjani, via Instagram, durante resgate da brasileira. Foto: Reprodução

Reconhecimento e comoção nas redes

Desde que a história ganhou repercussão, Agam tem sido chamado de “herói”, “anjo” e “guerreiro”. Em uma live no Instagram, recebeu centenas de mensagens de agradecimento. Muitos pediram uma vaquinha para ajudá-lo financeiramente.

A princípio, ele recusou. “Faz isso [o trabalho de resgate] de coração”, explicou a tradutora que o acompanhava. No fim, aceitou divulgar a conta e prometeu dividir o dinheiro com os colegas de resgate e investir na preservação ambiental.

“Ele agradeceu de coração e pediu desculpas por não conseguir trazer Juliana de volta”, disse a tradutora.

Voluntários e equipamentos improvisados

O grupo de resgate incluiu guias locais como Dwi Januanto Nugroho, Syamsul Padhli Otonk, Furqan Renggoo e Surya Sangar Rinjani.

A operação contou com apoio da Unit SAR Lombok Timur, unidade voluntária de salvamento em regiões de difícil acesso. Usaram cordas, capacetes, botas especiais e um tripé metálico conhecido como “Larkin Rescue Frame” para acessar o local do acidente.

Agam e seus colegas seguraram o corpo de Juliana durante toda a madrugada, com fome e exaustos. Alguns conseguiram se alimentar apenas por volta da 1h. A cena do grupo descendo sob neblina, conectados por cordas, virou símbolo da solidariedade. Apesar da aparência de operação oficial, quase todos agiram de forma voluntária, com recursos próprios.

O alpinista que virou símbolo da coragem

Além das aventuras, Agam é produtor de café e já declarou que abriu seu negócio para gerar empregos. É formado pela Universidade Hasanuddin e costuma postar mensagens de conscientização ambiental. Em uma delas, escreveu: “Participe preservando a sustentabilidade da natureza. Começamos pelas menores coisas”.

Mesmo com seu jeito simples — sempre com um cigarro na mão, abrindo frutas ou tocando violão nas montanhas — Agam virou símbolo de coragem e empatia. “É preciso coragem para começar algo — e uma alma forte para terminar”, escreveu em uma de suas postagens.

A família de Juliana, através das redes sociais, também agradeceu aos voluntários. “Somos profundamente gratos aos voluntários que, com coragem, se dispuseram a colaborar para que o processo de resgate de Juliana fosse agilizado”, afirma a publicação.