“Hoje é o dia sagrado da soberania”, diz Lula, após recuos de Trump no tarifaço

Atualizado em 30 de julho de 2025 às 18:49
Lula, presidente do Brasil. Foto: Ricardo Stuckert

A medida norte-americana, anunciada por meio de decreto assinado pelo presidente Donald Trump, impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos do Brasil, elevando a cobrança total para 50%. No entanto, o decreto incluiu uma lista com quase 700 exceções, que preserva itens como aviões da Embraer, petróleo, celulose, suco de laranja e castanhas. A entrada em vigor da tarifa foi adiada em sete dias.

Paralelamente, o governo dos EUA aplicou a Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal. O ato administrativo inclui sanções e divulgação de dados pessoais do magistrado. A decisão ocorre em meio à escalada de tensões entre os governos de Lula e Trump, agravadas por acusações de interferência dos Estados Unidos no funcionamento do Judiciário brasileiro.

Mais cedo, o mandatário brasileiro já havia ressaltado a importância de defender-se a soberania do país, em trecho de entrevista concedida por ele ao New York Times publicado em seu perfil no X.

No Planalto, Lula convocou ministros para uma reunião de emergência. Participam o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. A avaliação do governo é de que a retaliação dos EUA tem motivações políticas e será enfrentada com forte discurso em defesa da soberania e das instituições nacionais.

A medida de Trump também está sendo associada a pressões por vantagens comerciais, incluindo abertura para big techs e remoção de barreiras tarifárias. Apesar das exceções, setores diretamente afetados pela nova tarifa, como o de carnes e frutas, alertam para riscos de colapso, perdas de emprego e queda de renda em regiões produtoras.

Além das repercussões econômicas, a ofensiva contra Moraes provocou reações no meio político. O governador Eduardo Leite repudiou a aplicação da Lei Magnitsky, afirmando que “não podemos concordar que outro país tente interferir”. A crise aprofunda o embate diplomático entre Brasil e Estados Unidos e coloca o bolsonarismo no centro da controvérsia sobre apoio externo contra instituições brasileiras.