Homem branco é investigado por agredir negro com cinto após pagamento de R$ 10 em MG

Atualizado em 24 de novembro de 2024 às 16:53
Homem branco paga R$ 10 a homem negro para açoitá-lo com cinto em Itaúna. Foto: Reprodução

Um homem de 44 anos, identificado como José Maria Vilaça, é investigado pelos crimes de racismo e tortura após pagar R$ 10 a um homem negro para agredi-lo com um cinto, em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas Gerais. A agressão foi registrada em vídeo, que rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando revolta e indignação.

O caso ocorreu por volta do dia 10 de novembro e, após a divulgação do vídeo, o agressor foi preso preventivamente na última quinta-feira (21). No vídeo que circulou nas redes sociais, José aparece dizendo, entre outros comentários desconexos, que pagaria R$ 10 à vítima, Djalma Rosa da Costa, de 45 anos, para agredi-lo com um cinto.

Durante as agressões, que ocorreram enquanto a vítima estava sem camisa, a risada de uma pessoa pode ser ouvida, o que torna o ato ainda mais perturbador. A gravação termina com o agressor dizendo “Deus é mais”.

O delegado responsável pela investigação, Leonardo Moreira Pio, afirmou em coletiva que o agressor está sendo investigado por racismo e tortura, com uma possível pena superior a 15 anos. “A princípio, o autor é investigado pelos crimes de racismo e tortura, mas outros aspectos da investigação podem surgir”, declarou.

José Maria Vilaça, o agressor, tem histórico criminal por furto e violência doméstica. Durante seu depoimento à polícia, ele alegou que a agressão foi parte de uma “brincadeira” e que o vídeo foi gravado com o consentimento de Djalma, afirmando que ambos haviam consumido drogas antes do incidente. Ele pediu desculpas pelo ocorrido e afirmou que o vídeo foi uma “resenha” que não deveria ter sido divulgada.

No entanto, a Polícia Civil e organizações de direitos humanos classificaram o episódio como um grave ato de violência racial. O advogado Maciel Lúcio, da Comissão de Igualdade e Direitos Humanos da OAB de Divinópolis, afirmou que o caso é um “retrocesso inadmissível” e reforçou que atitudes como essa ainda precisam ser combatidas na sociedade brasileira.

https://twitter.com/lohannaf/status/1859579036235669866

Inicialmente, a Polícia Militar havia identificado Djalma Rosa da Costa como uma pessoa em situação de rua. Contudo, a Prefeitura de Itaúna informou que ele não vive nas ruas, mas possui uma residência e familiares. Djalma também recebe acompanhamento para dependência química no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) desde 1995.

Na quinta-feira (21), ele foi até o Caps e foi atendido sem apresentar sinais de qualquer alteração. A vítima, embora tenha sido agredida, não sofreu ferimentos graves, de acordo com as autoridades locais.

Este caso chamou a atenção para o contínuo problema do racismo no Brasil, especialmente em um momento em que o país celebra o Dia da Consciência Negra, feriado que visa a reflexão sobre a luta contra a discriminação racial.

O delegado Flávio Tadeu Destro, chefe do 7º Departamento de Polícia Civil, ressaltou a gravidade da situação: “Essa gravação revela uma maldade muito grande por parte do autor. Houve ali uma violência física e psíquica gratuita contra uma pessoa em situação de extrema vulnerabilidade”.

O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil, que busca identificar todos os envolvidos e responsabilizá-los pelas ações. O caso de José Maria Vilaça e Djalma Rosa da Costa é mais um exemplo das ações que precisam ser tomadas para combater o racismo e a violência no Brasil.

A sociedade e as autoridades continuam mobilizadas para garantir que episódios como este não se repitam e que os responsáveis sejam devidamente punidos. A investigação continua e novos detalhes podem surgir conforme o andamento do inquérito.

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