O homem negro que a deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL) perseguiu com uma arma na mão é o jornalista paulistano Luan Araújo.
Luan é especializado em esportes, membro da Gaviões da Fiel e da Democracia Corintiana. Escreve para um portal de modalidades dos EUA. Ele mesmo diz que “torce pelo New York Jets (time de futebol americano) por identificação cultural e é fã de Paul Pierce na NBA”.
Zambelli gerou correria no cruzamento das alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Lorena, na região dos Jardins, neste sábado (29), véspera da eleição.
Nas suas redes sociais, ela mentiu, alegando que foi agredida. Na verdade, caiu sozinha quando discutia com Luan, que lhe disse: “Te amo, espanhola”.
Nos vídeos que viralizaram, Araújo corre em direção a um bar enquanto Zambelli e alguns homens aparecem em seu encalço. Pouco antes, um sujeito que estava com a bolsonarista deu um tiro em sua direção.
“A intenção era me matar”, disse ele ao Uol.
No boteco onde Luan procurou refúgio, Zambelli mandava que ele se deitasse no chão. Ameaçou várias pessoas que estavam lá. Ele respondeu: “Você quer me matar para quê?”.
Rendido, foi ameaçado pela turma da deputada.
Luan Araújo tem um perfil no Instagram quase todo dedicado a sua paixão, o Corinthians.
Em 2020, escreveu sobre João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por seguranças do Carrefour:
“Feliz 20 de novembro. Um oferecimento da multinacional francesa que espanca um preto só por ter um carro que a sociedade diz que não pode ser seu.
Que dá tapa na cara e enforca mulheres negras. Que obriga o casal negro a tirar todos itens de sua bolsa por suspeitar que eles podem ter roubado algo e acham, olha só, uma Bíblia, o livro da religião que os brancos obrigaram nossos ancestrais a seguir.
E que ontem, na Zona Norte de Porto Alegre, espancou um dos nossos até a morte.
Nesse 20 de novembro, que o amigo branco, entenda que o problema do racismo não é algo que nós negros tenhamos que resolver. São vocês. A gente já tenta combater toda hora isso ou tenta simplesmente só sobreviver. E, quase sempre, perdemos essa batalha diária”.
Negro, de esquerda e jornalista, Luan Araújo tinha um alvo desenhado nas costas no país de Bolsonaro.
