Um incêndio em um apartamento no 13º andar de um prédio em Cascavel, no oeste do Paraná, mobilizou um resgate heroico na quarta-feira (15). A advogada Juliane Vieira, de 28 anos, ficou pendurada em um suporte de ar-condicionado enquanto tentava salvar a mãe e o primo de 4 anos das chamas. O gesto de coragem ganhou ainda mais destaque pela ação de Lincoln Carlos de Oliveira, que estava na rua e subiu 12 andares para ajudar no resgate.
Lincoln, que aguardava a namorada próximo ao edifício, foi alertado pelo pedreiro Tiago Gomes Santos, que ouviu os pedidos de socorro. Com a autorização de uma moradora, os dois entraram no prédio e ajudaram Juliane a retirar a mãe e a criança por um apartamento no andar inferior. “Não sei o que me deu essa força, mas consegui segurar a mãe dela e puxar para dentro”, contou Lincoln, emocionado.
Juliane sofreu queimaduras em 70% do corpo e foi transferida para o Hospital Universitário de Londrina, referência no tratamento de queimados. A mãe dela, Sueli, de 51 anos, permanece internada em estado grave no Hospital São Lucas, em Cascavel. O menino de 4 anos teve queimaduras no rosto, pernas e mãos, e está na UTI pediátrica do Hospital Evangélico Mackenzie, em Curitiba.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as temperaturas dentro do apartamento ultrapassaram 800°C — três vezes mais que a de um forno doméstico. Mesmo com equipamentos de proteção, dois bombeiros ficaram feridos durante o combate às chamas. As imagens mostram que o fogo destruiu a cozinha e a sala, deixando o imóvel completamente comprometido.
O perito responsável pela investigação, Rodrigo Cavalcante de Oliveira Neves, informou que a principal suspeita é de que o incêndio tenha começado entre a sala e a cozinha de forma acidental. O laudo final deve ser concluído em até dois meses. O cachorro da família, Barthô, também foi resgatado e não sofreu ferimentos.
Amigos descrevem Juliane como uma mulher prática e determinada. “O fato de ter salvado a mãe e o primo resume quem ela é”, disse o amigo Jeferson Espósito. Crossfiteira e amante de atividades ao ar livre, Juliane se tornou símbolo de coragem em meio à tragédia que quase tirou sua vida e a da família.