A atriz Olivia Wilde, ex-estrela de House, fala das contradições entre sua imagem de sex symbol e seu ativismo.
É difícil encontrar uma jovem atriz mais articulada, autoconfiante e bonita do que Olivia Wilde. Filha de jornalistas, neta de um escritor, a ex-estrela de House tirou seu sobrenome artístico de Oscar Wilde (seu verdadeiro nome é Olivia Jane Cockburne, irlandesa-americana). Ativista que fez campanha pela reeleição de Obama, ela tem um trabalho de caridade no Haiti e filmou documentários sobre os direitos femininos. “Eu me sinto muito orgulhosa e de ter recebido uma educação política de primeira classe,” Wilde admite. “Cresci em um mundo distante de Hollywood.”
Política à parte, Wilde está ganhando força como uma estrela de cinema. Recentemente, apareceu no filme aclamado pela crítica A Fuga e na comédia The Incredible Burt Wonderstone, com Steve Carell, Jim Carrey e Steve Buscemi. Em breve estreia em Rush, sobre a rivalidade entre Nikki Lauda e James Hunt na temporada de 1976 da Fórmula 1.
Você já sofreu críticas por causa de seu ativismo social, sendo uma atriz rica. É justo?
Há algumas pessoas – principalmente os conservadores – que odeiam atores que se manifestam politicamente. Claro, a direita nunca quer ouvir falar de tentativas de erradicar a pobreza, de enviar cuidados médicos ou ajudar a combater a fome. Essas são questões sobre as quais todos nós deveríamos estar muito preocupados e eu espero estar na posição de gerar o máximo de atenção para questões e causas sensíveis.
Seus pais, que são intelectuais, tentaram dissuadi-la de sua decisão de ser atriz?
Eles tinham a esperança de que eu escolheria outro caminho na vida, mas uma vez que viram como eu estava apaixonada por atuar, aceitaram esse compromisso. Lembro-me de quando eu tinha 13 anos e meu pai me levou para uma coletiva de imprensa em Los Angeles do filme O Pacificador, onde conheci George Clooney. Meu pai falou com ele sobre política e a experiência foi muito inspiradora. Eu tento estar comprometida com causas diferentes em todo o mundo.
Você se tornou uma espécie de ícone de estilo e já fez campanhas publicitárias para a Révlon. Não é incongruente…?
Eu não vejo isso como uma contradição. Moda é uma forma de expressão e tenho enorme respeito pela criatividade dos grandes designers. É algo de que eu gosto e acho que a moda tem o seu lugar no mundo. Eu adoro usar roupas bonitas e fazer sessões de fotos, o que não me faz mais ou menos burra do que ninguém.
Você se sente confortável com a imagem de sex symbol?
Eu sempre me senti muito confortável quando se trata de sexo, o que realmente assusta os homens. Eles têm medo de mim. Não é algo que eles esperam das mulheres. Eu cresci assim e provavelmente estava num estágio mais avançada do que muitos dos meus amigos quando era adolescente. Minha vontade era crescer rápido, o que provavelmente explica o fato de ter me casado muito jovem (aos 18 anos). Mas ser uma mulher sexualmente autoconfiante é ainda difícil de ser aceito pela sociedade. As pessoas ficam chocadas.
Como quando você fez com o comentário “minha vagina morreu”? (No ano passado, Olivia disse essa frase num encontro promovido pela revista Glamour, referindo-se ao fim de seu primeiro casamento).
Isso era uma piada e não uma declaração pessoal franca. Não esperava que tivesse toda essa repercussão. Mas não tenho problemas em falar de sexo – e nem de interpretar papeis sexy. Não acho que esteja me vendendo quando tiro um pouco de roupa no cinema de vez em quando. Eu sempre me identifiquei com a visão de Gloria Steinem de que o fato de você ser confiante sobre sua sexualidade não te faz menos feminista.