Huck, Justus, Bolsonaro e o destino da associação de judeus alemães que apoiou Hitler. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 26 de outubro de 2018 às 23:40

O empresário Roberto Justus, num vídeo francamente idiota, manifestou seu apoio a Jair Bolsonaro.

Segundo ele, o PT prejudicou o país com “corrupção, desmandos e uma péssima administração”.

Bolsonaro, portanto, é o cara.

Um “candidato polêmico” e que “pode ter se arrependido de algumas coisas que disse no passado, mas tem boa vontade”. 

Luciano Huck, numa transmissão ao vivo no Facebook, falou que Bolsonaro “pode amadurecer”, sabe Deus o que isso significa.

“Ele está ganhando uma chance de ouro. Vamos aguardar”.

Não é apenas burrice, mas má fé e falta de dimensão histórica. É falta de aula de história e de memória coletiva.

Entre o início dos anos 20 até 1935, existiu a União Nacional dos Judeus-Alemães.

Quando Hitler assumiu a chancelaria, em janeiro de 1933, o grupo chefiado pelo advogado Max Naumann, ex-capitão do exército bávaro na Primeira Guerra Mundial, soltou uma declaração em que “saudava os resultados”.

Apesar do patriotismo da organização de Naumann, o governo alemão não aceitou o objetivo de assimilação.

Onze semanas depois de Hitler virar chanceler, os nazistas promulgaram a “Lei para a Restauração do Serviço Público Profissional”.

O objetivo era segregar os judeus da sociedade ariana.

Estavam vetadas pessoas “quando um dos pais ou avós pertencerem à religião judaica”. Isso era o começo.

A associação foi dissolvida e Naumann foi preso num campo de concentração em Berlim. Morreu de câncer em 1939.

Bolsonaro deixa claro que põe Deus acima de tudo. Mas não qualquer Deus.

Só o dos cristãos. Num comício, foi explícito.

“Não tem essa historinha de estado laico não. O Estado é cristão e a minoria que for contra, que se mude”, avisou.

“As minorias têm que se curvar para as maiorias”.

É uma ideia. Vai amadurecer com a ajuda inestimável da dupla Huck e Justus.