Hugo Motta entrega PL antifacção a Derrite e abre novo foco de tensão em Brasília

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 19:47
O deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Foto: Reprodução

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou nesta sexta-feira (7) que o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) será o relator do projeto de lei antifacção, proposto pelo governo Lula após a chacina que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro.

Derrite, que ocupava até quarta-feira (5) o cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), retomou o mandato parlamentar para assumir a relatoria.

“Anuncio que o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) será o relator do PL 5582/2025, que veio do governo federal e se transformará no Marco Legal do Combate ao Crime Organizado no Brasil”, afirmou Hugo Motta no X.

O presidente da Câmara descartou, por ora, designar Derrite para outro projeto em debate, que equipara facções criminosas a organizações terroristas, por considerar que o tema poderia acirrar a polarização política no Congresso.

Esse segundo texto, que ainda divide governistas e oposição, chegou a entrar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas teve a votação adiada por falta de consenso.

Derrite promete “alterações”

Após o anúncio, Derrite declarou que pretende apresentar um substitutivo ao projeto enviado pelo Executivo, mantendo os pontos centrais do governo, mas com mudanças consideradas “de extrema importância”.

“É hora de deixar o palanque de lado e dar uma resposta efetiva ao grito de socorro da população. Vamos trabalhar para que esse objetivo seja alcançado”, afirmou o deputado em publicação no X.

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, por sua vez, criticou a escolha de Derrite para a relatoria, classificando-a como um “desrespeito com o presidente Lula”.

“A escolha feita pelo presidente Hugo Motta é um desrespeito com o presidente Lula. O projeto de lei antifacção é uma prioridade do governo Lula, e colocá-lo nas mãos do secretário de Segurança do governador Tarcísio beira a provocação. Parece um interesse deliberado de não aprovar e de atrapalhar a tramitação da pauta prioritária do governo na área de segurança pública”, disse Lindbergh.

O projeto do governo, enviado pelo presidente Lula (PT) com urgência constitucional em 31 de outubro, precisa ser votado pela Câmara em até 45 dias. A proposta cria o crime de organização criminosa qualificada e aumenta as penas para integrantes de facções, além de modernizar a legislação de combate ao crime organizado.