Hugo Motta, o filho de Cunha com Lira, quer sabotar o Brasil. Por Edward Magro

Atualizado em 4 de julho de 2025 às 11:14
Hugo Motta (Republicanos-PB) e Arthur Lira (PP-AL). Foto: Gabriela Biló/Folhapress

Antes de tudo, Hugo Motta é um otário.

Deslumbrado com sua longa cauda de rato da extrema-direita, acreditou ser protagonista quando, na verdade, não passa de um estafeta, de um mensageiro obediente.

Adestrado na coleira e na focinheira por Eduardo Cunha e Arthur Lira, é um serviçal do bolsonarismo radical e do centrão fisiológico que há décadas parasita o Estado. Motta é o arrivista típico: confunde bajulação com liderança, servilismo com estratégia. Um otário. E não há termo mais preciso.

Tão otário que, na mesma semana, pautou duas bombas: o aumento no número de deputados, para agradar ao baixo clero da Câmara, e a redução do IOF, para presentear os rentistas. É evidente que nenhuma dessas ideias saiu de sua cabeça. Vieram diretamente da gaveta Lira-Cunha, onde repousavam como cartas reservadas para o momento oportuno. Ambos, ratos cautelosos, sempre recuaram diante do risco político. Motta, não. Foi usado como testa de ferro. E ele, obediente até a medula, mordeu a isca. O rato caiu feito um pato.

De imediato e espontaneamente, as redes sociais entraram em ebulição, os protestos ganharam corpo e Hugo, desnorteado, resolveu apelar: ameaçou o governo com a anistia aos golpistas de 8 de janeiro, como se lançasse uma jogada de mestre. Foi um erro grotesco. A condenação dos golpistas não é uma bandeira do governo, é um clamor amplamente compartilhado pela sociedade, como indicam todas as pesquisas recentes. Sua tentativa de chantagem expôs apenas desespero e alienação. Destemperado, Motta cavou sua própria cova com os próprios pés.

Desde ontem, o Congresso ensaia um recuo constrangido, como quem tenta se livrar do crime cometido. Mas é tarde demais. A encenação foi grotesca demais e o teatro foi desmontado. Erraram na leitura da pulsação social e, por isso, erraram também na manobra diversionista.

O que está em jogo não se limita aos dois crimes cometidos pela Câmara contra o interesse público. O que está em jogo, agora, é mais profundo: trata-se de romper com essa lógica política de bastidores, baseada em chantagens, mentiras e conluios servis aos mesmos interesses apodrecidos de sempre. A paciência com deputados corruptos, operadores do capital, chegou ao fim.

Hugo Motta e o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em 2015. Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo

Não é hora de acordos. Tampouco de negociações com picaretas. Uma reação popular legítima e vigorosa não pode ser desmobilizada por promessas vagas nem por recuos estratégicos de fachada, sobretudo quando essas promessas emergem do atual lodaçal parlamentar.

O sentimento captado nas redes é claro: esses deputados precisam ser devolvidos à casinha, de castigo, sem direito a ossinho. Precisam compreender que há limites e que esses limites foram largamente ultrapassados.

É alentador ver que Hugo Motta tenha se tornado o “Hugo nem se importa”, personagem cínico do meme mais compartilhado das redes no Brasil. O otário virou piada. Com alguma sorte, a depender da criatividade dos empreendedores, o personagem poderá virar boneco de plástico na Shopee. No entanto, o dano político que o otário tentou causar é real. E, por isso, a resposta também precisa ser real. Firme, coletiva e implacável.

Chega de bajular ratos com cargos. Chega de engolir chantagens de parlamentares corruptos, eleitos com o dinheiro da Faria Lima, do agronegócio e de igrejas oportunistas travestidas de fé. A única saída minimamente aceitável é manter a pressão popular constante e rejeitar, de forma inegociável, tudo o que venha da direita fisiológica e golpista. Eles não nos representam e estão recuando porque sentiram o bafo da rua no cangote.

Não é hora de recuar. Não é hora de desmobilizar as manifestações do dia 10.

É nós contra eles.