
Uma análise de reputação digital revela que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta uma onda de rejeição sem precedentes nas redes sociais. Segundo estudo da agência Ativaweb, que processou mais de 2,5 milhões de interações em sete dias, a crise do parlamentar ultrapassa divisões ideológicas e reflete um sentimento popular contra o sistema político.
“Não é da direita, nem da esquerda. É do povo contra o sistema, onde Hugo Motta emergiu como o novo vilão digital”, afirmou Alek Maracajá, CEO da Ativaweb. A pesquisa, que cruzou dados de Facebook, Instagram, X (ex-Twitter) e TikTok, identificou que 68% das menções ao deputado foram puramente emocionais, com linguagem agressiva e simbólica.
O ponto de rompimento ocorreu quando vídeos de tom informal, feitos em ferramentas de inteligência artificial, converteram o debate técnico sobre orçamento em um símbolo de injustiça social. Palavras-chave como “amigo dos ricos”, “Eduardo Cunha 2.0” e “vergonha nacional” dominaram as discussões.
“Não foi um algoritmo que destruiu a imagem de Hugo Motta. Foi o sentimento coletivo de um povo que cansou da política para poucos”, analisou Maracajá.
O Congresso inimigo do povo, está habitado por parasitas que vivem as custas do trabalho da população, defendendo interesses de Super Ricos que se beneficiam da nossa dor.
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Governo vira o jogo nas redes
Dados da Quaest mostram que o governo Lula (PT) conseguiu reverter a narrativa online após uma série de derrotas no Congresso. Entre 17 e 30 de junho, a disputa entre o Legislativo e o Executivo gerou 2,2 milhões de menções, alcançando 10 milhões de contas por hora.
“Foi a primeira vez em que o governo ganhou o embate nas redes sociais”, afirmou Felipe Nunes, diretor da Quaest.
O estopim foi a derrubada dos vetos presidenciais a um projeto que baratearia contas de luz, seguida pela revogação do aumento do IOF e pela aprovação da expansão do número de deputados. Essas medidas fizeram viralizar a hashtag “inimigos do povo” e levaram a protestos como o ocorrido em frente ao Itaú na Faria Lima.
Não é a primeira vez que a pressão digital faz o Congresso recuar. Casos como a PEC das Praias e o PL do Estupro mostram como a mobilização online pode alterar rumos legislativos.
Desta vez, porém, o alvo principal foi Hugo Motta, que tentou capitalizar o sentimento anti-tributário, mas viu a sociedade interpretar suas ações como benefício à elite.