
A recente condenação do humorista Leo Lins a 8 anos e 3 meses de prisão em regime fechado por discursos considerados preconceituosos tem gerado ampla repercussão nas redes sociais. Comediantes e figuras políticas, como os vereadores Lucas Pavanato (PL-SP) e sua colega de extrema-direita, Amanda Vettorazzo (União Brasil), se manifestaram contra a decisão da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, classificando-a como excessiva e preocupante para a liberdade de expressão no país.
Entre os nomes que se posicionaram está Antonio Tabet, ator, roteirista e um dos criadores do canal Porta dos Fundos. Em publicação no X (antigo Twitter), ele afirmou que, embora alguém possa não gostar das piadas de Lins, a pena de prisão é “uma insanidade e um desserviço”. Ele completou: “Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida.”
Isso aqui é um absurdo. Pode-se não achar a menor graça ou até detestar as piadas de Leo Lins, mas condená-lo à prisão por elas é uma insanidade e um desserviço. Espero que essa decisão completamente descabida seja revertida. https://t.co/oZhv0LXSQk
— Antonio Tabet (@antoniotabet) June 3, 2025
Jonathan Nemer também se pronunciou na rede social, destacando a inversão de valores no país: “Essa é a merda que acontece no Brasil… um país que leva a sério piadas que humoristas contam nos shows, e levam na brincadeira o que políticos fazem”.
O @leolins é condenado a 8 anos de prisão, pagar 1.170 salários mínimos + 300 mil de danos coletivos por conta de PIADAS. Essa é a merda que acontece no Brasil… um país que leva a sério PIADAS QUE HUMORISTAS CONTAM NOS SHOWS, e levam na brincadeira o que políticos falam. pic.twitter.com/uPvKydSUTD
— Jonathan Nemer (@JonathanNemer) June 3, 2025
Outro humorista, Renato Albani, usou o Instagram para protestar contra a condenação. Em sua publicação, ele questionou a seriedade do país, compartilhando uma reportagem sobre o caso.
Thiago Ventura, por sua vez, postou um vídeo no Instagram reagindo com indignação à notícia. Em tom de espanto, afirmou: “Não é possível não, pô.” A legenda da publicação dizia apenas: “É o quê?”, e gerou forte debate entre seus seguidores.
Danilo Gentili, ex-colega de Leo Lins no programa The Noite com Gentili, não fez declarações diretas, mas compartilhou postagens em apoio ao humorista condenado. O comediante foi desligado do SBT em 2022, após fazer uma piada capacitista que gerou controvérsia.
Além do meio artístico, políticos também saíram em defesa de Leo Lins. O vereador Lucas Pavanato (PL-SP) comparou a pena do humorista ao caso do funkeiro MC Poze do Rodo, que foi preso temporariamente no Rio de Janeiro por suspeita de ligação com o Comando Vermelho, sendo liberado após quatro dias com habeas corpus.
MC Poze solto, ovacionado, com direito a presença do filho do maior traficante do país.
Enquanto isso, humorista pega 8 anos por piada.
No desgoverno Lula, bandido é tratado como vítima da sociedade e quem fala a verdade é perseguido. pic.twitter.com/dUdyMGIA98
— Lucas Pavanato (@lucaspavanato) June 4, 2025
Amanda Vettorazzo (União Brasil), colega de Pavanato na Câmara Municipal de São Paulo, também protestou nas redes sociais, afirmando que “esse país acabou” após a sentença contra Lins. João Amoêdo, ex-presidente do partido Novo, comentou que não conhece pessoalmente Leo Lins nem o conteúdo de suas piadas, mas classificou a decisão judicial como “um completo absurdo”.
-Funkeiro que lava dinheiro do tráfico: SOLTO.
-Roubar dinheiro de aposentadoria de velinhos: SOLTO.
-Fazer piadas politicamente incorretas: 8 ANOS DE PRISÃO E R$300 MIL DE MULTA.
Como tanka esse país?
— Amanda Vettorazzo (@Amandavettorazz) June 3, 2025
Leo Lins foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por declarações feitas durante um show de stand-up, cujo vídeo foi publicado no YouTube em 2022. A Justiça entendeu que as falas configuraram discurso de ódio contra minorias.
Além da pena de prisão, o humorista foi condenado a pagar uma multa de aproximadamente R$ 1,4 milhão, correspondente a 1.170 salários mínimos da época, e mais R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A defesa ainda pode recorrer da sentença.