Hytalo Santos e marido são denunciados pelo MP por tráfico de pessoas e exploração sexual

Atualizado em 15 de setembro de 2025 às 18:44
Hytalo Santos e Israel, o “Euro”. Foto: reprodução

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) denunciou o influenciador digital Hytalo Santos e o marido dele, Israel Vicente, conhecido como Euro, pelos crimes de tráfico de pessoas, produção de material pornográfico e favorecimento da prostituição e exploração sexual de vulneráveis. O casal está preso no presídio do Roger, em João Pessoa, desde 28 de agosto, quando foi transferido de São Paulo para a capital paraibana.

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que conduz as investigações, a denúncia se baseia em provas que apontam para um modus operandi estruturado e premeditado voltado à exploração sexual de crianças e adolescentes.

O grupo afirma que Hytalo e Euro usavam promessas de fama e vantagens materiais para atrair adolescentes em situação de vulnerabilidade, submetendo-os a rígido controle sobre rotinas e meios de comunicação. O Gaeco também relatou a realização de procedimentos estéticos e tatuagens de caráter sexualizado nas vítimas.

O Ministério Público solicitou ainda uma indenização de R$ 10 milhões por danos coletivos. Segundo o órgão, a prática envolvia três frentes principais: tráfico de pessoas, produção de material pornográfico e favorecimento da exploração sexual de vulneráveis. Em relação ao tráfico, a acusação é de que os dois agenciavam e aliciavam adolescentes e suas famílias para controlar sua liberdade e vida íntima.

Hytalo Santos e as crianças exploradas em seus conteúdos. Foto: reprodução

Já na produção de material pornográfico, o casal é acusado de gerar e divulgar conteúdos de cunho sexual em redes sociais, com foco na monetização e no aumento do engajamento digital. Por fim, o favorecimento da prostituição consistiria no incentivo à prática de atos sexuais com terceiros, inclusive em situações de constrangimento.

O caso será julgado pela 2ª Vara Mista de Bayeux. Segundo o promotor Dennys Carneiro, do Gaeco, a investigação corre em segredo de Justiça, e por isso não é possível detalhar todas as provas apresentadas na denúncia. O processo havia começado a ser apurado pelas promotorias de Bayeux e João Pessoa, sob responsabilidade dos promotores Ana Maria França e João Arlindo, mas desde o fim de agosto foi transferido integralmente ao Gaeco, que passou a concentrar as provas e depoimentos.

A Polícia Civil da Paraíba também tem participação indireta no caso. O delegado Carlos Othon informou que a corporação não investiga diretamente o casal, mas presta apoio técnico ao Gaeco. Esse suporte inclui a extração de dados de oito aparelhos eletrônicos apreendidos e a logística da transferência de Hytalo e Euro de São Paulo para João Pessoa.

A prisão do casal completa um mês nesta segunda-feira (15). A defesa, representada pelo advogado Felipe Cassimiro, afirmou que “muitos pedidos” para a soltura já foram protocolados na Justiça e ainda aguardam análise.

Cassimiro declarou acreditar que a prisão “se encerre nos próximos dias”, sem detalhar os fundamentos jurídicos usados nos pedidos. Até a última atualização, não havia retorno oficial da Justiça sobre esses recursos.

Em nota, o Gaeco reforçou que a denúncia inclui elementos que mostram tentativas de alterar a aparência física das menores envolvidas nos conteúdos produzidos. A acusação aponta ainda que o casal utilizava fraudes e manipulação psicológica para manter controle sobre as vítimas, impondo uma rotina de exploração sexual como parte de um esquema mais amplo de atuação digital.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.