Iate, Lamborghini e helicópteros: os artigos de luxo que revelaram os motéis ligados ao PCC

Atualizado em 27 de setembro de 2025 às 9:09
Ministério Público de São Paulo (MP-SP), a Polícia Militar e a Receita Federal realizam a Operação Spare. Foto: Reprodução/PMSP

A compra de itens de luxo, como um iate e um Lamborghini, ajudou a Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo a identificar um esquema milionário de lavagem de dinheiro do PCC. A operação, deflagrada nesta semana, revelou o uso de motéis e postos de combustíveis para ocultar recursos da facção criminosa.

Segundo a Receita, “um motel adquiriu um iate, ativo estranho às suas atividades operacionais”. Além disso, foram localizados um helicóptero transferido para uma empresa de fachada, outro helicóptero modelo Augusta A109E em nome de um dos investigados, um Lamborghini Urus comprado por empresa patrimonial e terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões.

Também foram detectadas operações imobiliárias suspeitas: um imóvel de R$ 1,8 milhão adquirido em 2021 e outro de R$ 5 milhões em 2023.

Para justificar o patrimônio, os envolvidos alteravam declarações antigas e recentes no mesmo dia, inserindo bens de alto valor sem declarar a renda correspondente nem pagar impostos. Assim, o patrimônio da família do principal investigado foi inflado artificialmente em cerca de R$ 120 milhões.

Operação Spare

A ação mirou endereços ligados a Flávio Silvério Siqueira, empresário do setor de combustíveis apontado como chefe do esquema. Mandados foram cumpridos em São Paulo, Santo André, Campos do Jordão, Osasco, Barueri, Ribeirão Preto, Paulínia, Campinas e Bertioga.

Segundo o MP-SP, Siqueira lavava dinheiro do PCC por meio de postos de combustíveis em uma “complexa rede de pessoas físicas e jurídicas”.

O empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, é o principal alvo da Operação Spare desta quinta-feira (25). — Foto: Reprodução/TV Globo
O empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, é o principal alvo da Operação Spare desta quinta-feira (25). Foto: Reprodução

O caso veio à tona após maquininhas de cartão ligadas a um posto aparecerem em casas de jogos de azar no litoral paulista. Ao menos R$ 859 mil foram transferidos diretamente para a BK Bank, fintech já investigada na operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto.

Com a quebra de sigilo, descobriu-se que o mesmo número de abertura de conta constava no cadastro de postos de gasolina.

Esquema bilionário

Segundo a Receita Federal, as investigações apontam sonegações de até R$ 7,6 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais.

“O elo [entre as operações] é exatamente a fintech. Naquela operação [Carbono Oculto], eram mais de 1.200 postos de gasolina. Desta vez, quase 100 estabelecimentos de rede grande de franquias no Brasil também eram utilizados nesse esquema”, afirmou o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas.

Além dos postos e dos jogos de azar, os investigadores identificaram pelo menos 11 motéis envolvidos no esquema, usados para ocultar a origem do dinheiro ilícito da facção criminosa.