
Uma megaoperação do Ibama contra o desmatamento ilegal na Amazônia provocou forte reação dos ruralistas do Pará, estado que sediará a COP30 — a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em novembro. A ação do órgão ambiental embargou mais de 70 mil hectares de terras e impactou cerca de 5.000 fazendas na região, gerando críticas e articulações políticas em Brasília. Com informações da Folha de S.Paulo.
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), reuniu-se com a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, para tentar mediar a situação. Acompanhado de representantes do agronegócio e parlamentares — inclusive da base do governo Lula (PT) —, ele buscou alternativas para reduzir os impactos da medida nos produtores rurais.
Ibama realiza maior operação com uso de embargo remoto
A operação, considerada a maior da história do Ibama no combate ao desmatamento ilegal, utilizou o sistema de embargo remoto, que cruza imagens de satélite do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com dados de autorizações ambientais. Propriedades com desmate fora dos limites permitidos foram automaticamente bloqueadas.
A ofensiva, batizada de “embargão”, integra a Operação Controle Remoto, ativa desde 2023, e focou principalmente em 11 municípios paraenses críticos. O edital de embargo publicado pelo Ibama determinou a retirada de gado em até 30 dias, impedindo o uso das terras e o acesso ao crédito rural pelos proprietários afetados.
Reação de ruralistas e questionamentos ao método
A ação surpreendeu os produtores rurais, pois ocorreu às vésperas do novo Plano Safra, previsto para junho, e do início da colheita. Líderes do setor alegam que não houve direito à defesa e questionam a precisão das imagens de satélite, que podem gerar erros na identificação das áreas desmatadas.
Segundo estimativas da comitiva que participou da reunião com o governo federal, entre 10% e 15% dos embargos podem ter sido aplicados de forma indevida, o que afetaria entre 200 e 300 propriedades rurais.
O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) protocolou um pedido de audiência com o Ibama em defesa dos fazendeiros. Já o governador Helder Barbalho cobrou “segurança jurídica, direito à propriedade e à produção” para os produtores que, segundo ele, foram prejudicados injustamente.
Participei de uma grande reunião com a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, ao lado de políticos e representantes de sindicatos e produtores rurais para viabilizar soluções a respeito de embargos em áreas produtivas do Pará. Tudo isso conciliando… pic.twitter.com/6CxQeISyp2
— Helder Barbalho (@helderbarbalho) May 7, 2025
Governo do Pará pede critérios técnicos e individualizados
Em nota, o Governo do Pará afirmou que apoia a fiscalização ambiental, mas que medidas com alto impacto socioeconômico devem ser baseadas em critérios técnicos e análises individualizadas, para evitar prejuízos a quem está em processo de regularização fundiária.
A Secretaria de Relações Institucionais informou que vai se reunir com o Ibama e o Ministério do Meio Ambiente para avaliar a operação.
Ibama justifica agilidade e defende eficácia contra desmatamento
Técnicos do Ibama argumentam que o modelo de embargo remoto tem como objetivo evitar que desmatadores ilegais consigam burlar a fiscalização, apagando rastros durante longos processos burocráticos. A medida busca impedir que áreas desmatadas ilegalmente sejam usadas para produção e comercialização de gado, além de impedir a obtenção de crédito rural.
O órgão reforça que a operação foi uma resposta preventiva ao avanço do desmatamento na Amazônia, especialmente com a aproximação da temporada de incêndios florestais.
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