“Ideia” de Eduardo Bolsonaro de ter salas para meninos e meninas é de deputada que fez apologia da maconha. Por Nathalí

Atualizado em 12 de dezembro de 2019 às 13:46
Eduardo Bolsonaro e Ana Campagnolo. Foto: Wikimedia Commons/Reprodução/Twitter

O governo Bolsonaro tem ajustado os últimos detalhes para cumprir, de uma vez por todas, o objetivo de transformar o Brasil em uma teocracia com práticas medievais – e uma boa dose de lunatismo, é claro. 

A novidade agora é a ideia de Eduardo – fundamentada nas vozes de sua cabeça esquizofrênica e nos livros-desserviços de Ana Carolina Campagnolo, a deputada bolsonarista que fez posts sobre a erva (como esquecer?) – de separar as crianças por gênero nas escolas. 

Em plenário, Dudu limitou-se a dizer que “há forte pressão, principalmente das feministas, para que as escolas abriguem na mesma sala meninos e meninas, mesmo havendo bons argumentos pedagógicos e empíricos atuais recomendando o contrário”, sem citar, entretanto, quais seriam esses “argumentos pedagógicos e empíricos.” 

Eu arrisco um palpite: os argumentos não foram citados porque, como é de costume na casta Bolsonaro, eles simplesmente não existem, assim como não existe ninguém que leve a educação a sério e seja capaz de defender a separação por gênero nas escolas. 

O projeto de lei é baseado em um modelo falido criado na Europa na década de 60, que não só já não é praticado em lugar nenhum, como sequer chegou a ser eficientemente implantado por seus criadores. 

O programa Single Sex Education é considerado uma piada pra qualquer pedagogo sério, e a separação por gêneros já foi abolida até mesmo em escolas católicas, onde todas as crianças convivem diariamente em nome de uma educação voltada à diversidade. 

A única voz que Dudu encontra pra engrossar o coro de sua esquizofrenia é a da também incoerente Ana Carolina Campagnollo, cuja obra (já tive o desprazer de ler um de seus livros, apenas pelo prazer de maldizê-lo) é uma verdadeira aberração, por estar baseada em conceitos e métodos já aposentados pela academia. 

Sua (des)obra cheira a mofo, assim como o governo que ela integra. Talvez a única qualidade da bolsonarista (uma locução adjetiva incoerente por si só) seja ter falado nas redes que consumia essa erva sagrada, que, apesar de sagrada, infelizmente não opera milagres (e haja maconheiro reaça!). 

O pior é que, enquanto protagonizam essas pataquadas – separação por gênero nas escolas, internação compulsória para grávidas que pretenderem abortar, etc – os deputados bolsonaristas simplesmente não trabalham. Seu tempo é ocupado integralmente em apresentar projetos surreais que, justamente por serem surreais, servem apenas para chocar (nas horas vagas, eles aumentam o fundo eleitoral por distração).

Trabalhar, que é bom: nada. 

Gosto de acreditar – e ainda consigo – que um projeto como esse jamais será aprovado, nem mesmo no Brasil, hospício do mundo. Servirá apenas para que Eduardo e Campagnollo consigam o que tanto adoram: atenção. 

Ainda assim, vale minha anedota-aviso (essa sim empírica e real) ao Dudu e sua turma: estudei em escola de freira na década de 90, com meninas de saiote e meia longa e meninos do outro lado da grade, e não adiantou nada: me tornei uma feminista antiproibicionista do jeitinho que vocês detestam. 

É como dizem por aí: cuidado com o que desejas.