Idosa diz que foi algemada e levada em camburão após agressão de PM: “Cena de terror”

Atualizado em 5 de dezembro de 2024 às 14:45
Lenilda foi agredida por policial na garagem de casa e ficou com ferimento na cabeça. Foto: Lucas Jozino/TV Globo

Lenilda Messias Santos Lima, de 63 anos, relatou detalhes de uma abordagem policial violenta que sofreu na garagem de sua casa, em Barueri, na Grande São Paulo. Na noite de quarta-feira (4), ela foi atingida na cabeça por golpes de cassetete desferidos por um policial militar enquanto tentava entender a razão da agressão contra seu filho e neto.

A abordagem ocorreu por volta das 21h30, quando Matheus Higino Lima Silva, de 18 anos, e Juarez Higino Lima Junior, de 39, estavam com uma moto de documentação atrasada em frente à residência. Após resistência dos dois, os policiais entraram na garagem sem autorização, iniciando as agressões.

“Que risco uma senhora vai oferecer para centenas de policiais? Tinha muitas viaturas, é como se a família fosse de bandidos, e não devemos [nada] para a Justiça”, desabafou Lenilda em entrevista à TV Globo.

Ela ainda contou que foi algemada e levada para a delegacia dentro de um camburão da Polícia Militar. “Fui atendida algemada, como se devesse para a Justiça. Nunca devi para a Justiça, sempre trabalhei honestamente e trabalho até hoje.”

“Quando eu vi aquela cena, foi muito triste. Pedi explicações, mas ninguém me respondia. Um policial me acertou na cabeça com o cassetete, fiquei atordoada e agora preciso de tratamento. Sou idosa, nunca imaginei passar por isso”, disse a vítima da truculência policial.

Testemunhas filmaram o episódio e os vídeos, que viralizaram nas redes sociais, mostram a idosa sangrando, sendo empurrada e puxada pela gola do casaco. Em outro registro, um policial aplica um golpe de mata-leão em Juarez, prática proibida pela corporação desde 2020.

“Eles invadiram a casa de forma violenta, apontando armas e batendo. Foi uma cena de terror”, contou o filho de Lenilda.

 

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Os três foram levados ao pronto-socorro e, posteriormente, à delegacia, onde o caso foi registrado como desacato, resistência, lesão corporal e abuso de autoridade.

Esse é mais um episódio em meio a uma série de casos de abuso policial no estado de São Paulo. Recentemente, um policial foi flagrado arremessando um homem em um córrego no bairro Vila Clara. Em outro caso, Gabriel Renan da Silva Soares, 26, foi executado com 11 tiros por um PM em novembro, imagens que vieram à tona esta semana.

Após a onda de crimes policiais, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumiu o erro sobre sua postura em relação ao uso de câmeras corporais. “Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Hoje estou convencido de que as câmeras são um instrumento de proteção da sociedade e do policial. Vamos manter, ampliar e buscar o que há de melhor em tecnologia”, afirmou o governador.

Segundo o Ministério Público, mortes cometidas por policiais no estado aumentaram 46% até 17 de novembro deste ano, comparado ao mesmo período de 2023 e em 98% em relação ao mesmo período de 2022, na gestão anterior. Em média, duas pessoas foram mortas por dia por PMs no estado.

A Secretaria de Segurança Pública declarou que a Polícia Militar não compactua com desvios de conduta e que excessos serão investigados. A repercussão desses episódios tem gerado cobranças por mudanças estruturais na atuação policial e no treinamento das tropas.

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