
Aos poucos, parte da cidade de Maceió se tornou fantasma por conta de um colapso de uma das 35 minas que fazem extração de sal-gema pela Braskem. Os bairros Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Faro tiveram que ser evacuados emergencialmente em 2019 com a possibilidade da região desabar e se tornar uma cratera a céu aberto.
Assim, comércios, casas, prédios, condomínios inteiros tiveram que ser desabitados e os cenários também acabaram descaracterizados por conta dos abalos sísmicos. O jornal O Globo analisou o antes e depois de alguns destes pontos que, possivelmente, nunca mais serão habitados.
Segundo a Braskem, a desocupação da área de risco atingiu atualmente 99,3%, envolvendo um total de 14.446 imóveis em um período de quatro anos. Isso representa aproximadamente 40 mil pessoas que foram obrigadas a deixar suas residências. Nos últimos dias, com a inclusão de mais áreas isoladas, o número de afetados já se elevou para 55 mil.
Entre eles, um edifício completo foi evacuado, com janelas e portões ausentes, e a vegetação fez presente sem intervenção humana.Já uma residência de dois andares, outrora habitada por famílias, agora apresenta um cenário reminiscente de pós-guerra, com paredes destruídas e estruturas danificadas. O muro do local exibe uma pichação marcante: “Vidas destruídas pela Braskem”.
Próximo dali, um salão de beleza e propriedades adjacentes foram interditados e autoridades colocaram cercas para restringir o acesso. Condomínios inteiros também foram esvaziados, com entradas concretadas, enquanto um bar desapareceu após a desocupação e ocorrência de abalos sísmicos.
Uma igreja teve sua estrutura completamente apagada, e em uma casa com muros altos, agora reduzida a um esqueleto, destaca-se um desenho de um coração partido, presumivelmente feito pela família que ali residia, acompanhado da mensagem grafada: “A dor é imensa, mas ninguém nos tirará nossas lembranças”.
Confira um antes de depois de uma fachada de casa:


Questão de tempo
Em nota, a Defesa Civil de Maceió confirmou que o deslocamento vertical acumulado da mina 18 — que está sob risco de colapsar — é de 1,42m e a velocidade vertical é de 2,6cm por hora. Por isso, a região está em alerta máximo.
A órgão reforça que a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização. “A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas. O órgão reitera a recomendação de evitar a área desocupada do antigo campo do CSA (clube de futebol) por questões de segurança”.