Imigração prende professor da USP que disparou arma de chumbinho perto de sinagoga nos EUA

Atualizado em 5 de dezembro de 2025 às 12:47
Carlos Portugal Gouvêa, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo que lecionou em Harvard. Foto: Divulgação

Carlos Portugal Gouvêa, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), foi preso nos Estados Unidos após ser acusado de disparar uma arma de chumbinho perto de uma sinagoga em Massachusetts. O episódio ocorreu na véspera do Yom Kippur, um dos feriados mais importantes do calendário judaico.

A prisão de Gouvêa foi realizada pelo Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA, que revogou seu visto temporário após o Departamento de Estado dos EUA caracterizar o disparo como um “incidente de tiros antissemita”, o que gerou controvérsia sobre a interpretação local do caso.

O professor brasileiro estava lecionando na Universidade de Harvard como professor visitante durante o outono. De acordo com as autoridades, ele se declarou culpado pelo disparo, que ocorreu perto do Templo Beth Zion, em Brookline, Massachusetts.

Gouvêa alegou que estava utilizando a arma de chumbinho para caçar ratos na sua casa, que fica ao lado da sinagoga, justificativa que foi registrada no relatório policial. No entanto, o caso gerou reação de autoridades americanas, que revogaram seu visto e pressionaram pela sua remoção do país.

A prisão de Gouvêa ocorre em meio à tensão entre o governo Trump e a Universidade de Harvard. O governo dos EUA havia pressionado a instituição a resolver alegações de que não estava fazendo o suficiente para combater o antissemitismo em seu campus, especialmente em relação à segurança de estudantes judeus.

Harvard, por sua vez, entrou com um processo contra as ações do governo, contestando a retirada de mais de US$ 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) em bolsas de pesquisa, uma decisão tomada por um juiz em setembro.

Sede do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA), em Washington, DC. Foto: Getty Images

Gouvêa concordou em deixar os Estados Unidos após a revogação de seu visto. A Universidade de Harvard se recusou a se pronunciar sobre o ocorrido.

As autoridades locais, como a polícia de Brookline, descreveram o caso de maneira diferente das alegações federais, o que levantou questões sobre a interpretação e o enquadramento do caso. O governo de Donald Trump, no entanto, usou o episódio para sugerir um aumento de antissemitismo no país e pressionar a universidade.

Gouvêa foi preso em 1º de outubro, após a denúncia de uma pessoa que o avistou com uma arma perto do templo. A polícia foi acionada e encontrou o professor com a arma de chumbinho.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.