Imigrantes brasileiros são grandes apoiadores da extrema-direita em Portugal

Atualizado em 15 de janeiro de 2024 às 20:09
André Ventura, líder do Chega. Foto: Estela Silva/Lusa

Nos últimos anos, aproximadamente 500 mil brasileiros obtiveram a cidadania portuguesa, segundo dados do Ministério da Justiça de Portugal. É na ultradireita que os brasileiros mais engajados politicamente estão se movimentando. Com informações do Correio Braziliense.

Embora representem apenas 5% da população lusitana, quem acompanha a política portuguesa se pergunta como tanto brasileiros podem estar reforçando as alas do Chega, partido de ultradireita liderado por André Ventura.

Esse movimento despertou interesse em meio às eleições parlamentares de 10 de março, antecipadas pelo presidente Marcelo Rebelo de Souza, marcando a ascensão do Chega como uma força relevante na política portuguesa.

A forte ligação dos brasileiros que vivem em Portugal com o Chega passa por Lucinda Ribeiro, uma portuguesa que assinou a ficha de número seis do partido. Especialista em programação de dados, ela desempenhou um papel crucial ao atrair evangélicos brasileiros para o partido.

A adesão dos brasileiros foi tão forte que surpreendeu os líderes da agremiação, e se acentuou depois da eleição de Ventura como deputado, o único do Chega na época.

No entanto, desentendimentos levaram à sua desfiliação em 2021, abrindo espaço para Cibelli Pinheiro continuar a mobilização da comunidade brasileira.

Parte importante desses brasileiros evangélicos estava em Braga, localizada ao Norte de Portugal e que se tornou um dos principais destinos para brasileiros.

“Esses brasileiros de Braga assumiram, ao longo do tempo, posições importantes dentro da estrutura do Chega. Também passaram a ter participação ativa na comunidade, por meio de associações e fundações”, disse o jornalista Miguel Carvalho, que acompanha o partido praticamente desde a fundação em 2019.

No geral, esses brasileiros têm dupla nacionalidade e são das classes média e alta. “André Ventura soube capitalizar esse apoio, que não estava distribuído por outros partidos”, acrescentou.

Apesar do apoio expressivo, a representação eleita de brasileiros no Chega é limitada. Segundo João Gabriel de Lima, escritor e membro do Observatório da Qualidade da Democracia da Universidade de Lisboa, essa situação evidencia a contradição do partido, que conta com o apoio de parte da maior comunidade de imigrantes em Portugal, mas restringe a participação de brasileiros em posições de liderança e defende uma postura rigorosa na questão migratória.

Os cidadãos oriundos do Brasil, indicam todas as pesquisas, são as principais vítimas de xenofobia no país europeu, expressada, em grande parte, por apoiadores do Chega.

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