Destaques

Impeachment pede uma frente amplíssima. Por Gilberto Maringoni

Bolsonaro observa apoiadores em manifestação de 19 de abril de 2020.| Foto: EVARISTO SA / AFP

Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor

O Brasil caminha para um possível processo de impeachment de Bolsonaro. Mas não está na ordem do dia e sim na ordem dos desejos. Pode se tornar uma campanha maciça? Pode, mas não se sabe quando. A maneira como se coloca a tarefa cria um paradoxo sério para algumas correntes políticas.

Estamos todos confinados e não há como realizar manifestações de rua. Embora o presidente não tenha controle do Congresso, também não existe uma maioria de 2/3+1 contra ele, para viabilizar sua saída.

A maior parte dos que clamam pelo impeachment de Bolsonaro prega a formação de uma frente que envolva apenas a esquerda. No entanto, para se obter a abertura de um processo de tal ordem, o leque de forças a ser constituído deve envolver a velha direita (DEM, PSDB, PMDB e outros mais), o centro (PT, PSB, PDT, Rede), a esquerda (PSOL e PCdoB), além da esquerda sem representação parlamentar (PSTU, PCB, PCO). Entram nessa somatória o movimento social, além de parcela expressiva do empresariado, incluindo a Globo.

Quem quiser bradar Fora Bolsonaro, Impeachment já, Retirar Boslonaro etc., deve seguir fazendo. Não atrapalha. Mas só se ganhará a maioria da população através do combate duro à pandemia no sentido político, buscando desmascarar a hipocrisia genocida da extrema-direita sobre a população pobre. E o combate à pandemia envolve muito mais do que a esquerda.

Assim, clamar por frente de esquerda e impeachment é uma combinação tão improvável quanto “inteligência militar”, “milagres da ciência”, “crítica construtiva” ou “poesia concreta”.

A construção de uma amplíssima frente deve ter como ponto de união de seus membros (ou programa básico), a saída democrática de Bolsonaro do governo e a erradicação do covid-19. São propostas radicais, ou seja, vão à raiz dos problemas imediatos.

A disputa pelo programa econômico pós-boçal não tem condições de ser feito nessa fase da luta.

Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni, professor de Relações Internacionais da UFABC e candidato do PSOL ao governo de São Paulo, em 2014

Disqus Comments Loading...
Share
Published by
Gilberto Maringoni

Recent Posts

Número de mortos na guerra em Gaza chega 34.488 anuncia Hamas

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo grupo palestino Hamas, anunciou nesta…

2 horas ago

Socialite conta como foi passar 10 anos em um cativeiro de luxo: “Estava puro osso”

A socialite Regina Gonçalves, de 88 anos, afirma que foi mantida em cárcere privado por…

3 horas ago

Petistas querem sinalização de Lula favor da cassação de Moro; entenda

Líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) pressionam para que o presidente Luiz Inácio Lula da…

3 horas ago

Café da Manhã do DCM TV: Protestos contra Israel, nos EUA, surpreendem sionistas

https://www.youtube.com/watch?v=_bAjTS2OZRA Leandro Fortes comenta a analisa o noticiário, conversa com a analista internacional Rose Martins,…

3 horas ago

“Aumento alarmante” de grupos neonazistas no Brasil será investigado pelo governo

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da…

4 horas ago

Filiação de jovens partidos políticos segue caindo; PT, PL e PSOL são exceções

A participação de jovens de 16 a 24 anos em partidos políticos brasileiros vem diminuindo…

4 horas ago