
O jornalista Ricardo Noblat avalia que a imprensa brasileira “aparece mal, muito mal” na cobertura do suposto interesse do ministro Alexandre de Moraes no destino do Banco Master. Segundo ele, ou surgem provas de que o ministro mentiu nas notas divulgadas, ou os veículos erraram ao dar crédito a “boatos e rumores espalhados por agentes financeiros da Faria Lima”.
Em sua coluna do Metrópoles, Noblat cita reportagem da Folha de S.Paulo segundo a qual empresários teriam recebido informações de que Moraes pressionara o presidente do Banco Central a favor do banco. A própria Folha registra que Gabriel Galípolo “negou com contundência” qualquer pressão e afirmou que as conversas trataram da Lei Magnitsky, relacionada a sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos.
O colunista lembra que O Globo publicou ter ouvido seis fontes que sustentariam a versão de que Moraes falou sobre o Banco Master e demonstrou interesse em que a instituição não fosse extinta. O O Estado de S. Paulo reforçou a narrativa, afirmando que Moraes teria telefonado diversas vezes para Galípolo para acompanhar a operação envolvendo o banco.

Em resposta, Moraes divulgou nota afirmando que recebeu autoridades do sistema financeiro apenas para tratar “exclusivamente” das consequências da Lei Magnitsky, “em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária”. Diante das cobranças para que se pronunciasse diretamente sobre o Banco Master, o ministro publicou nova nota negando qualquer conversa, pressão ou ligação telefônica sobre o tema.
Na segunda manifestação, Moraes declarou que “em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente à aquisição do BRB pelo Banco Master” e acrescentou que “o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação”. Galípolo também reiterou a negativa de interferência.
Para Noblat, o impasse coloca o jornalismo diante de uma escolha clara. “Quem acusa tem que provar”, escreve. Caso não haja comprovação, ele afirma que a acusação deve ser retirada, “junto com um pedido de desculpas”. O colunista conclui que, neste caso, “ou é fato ou é fake”.