Imprensa aparece mal no caso Moraes-Master, diz Noblat

Atualizado em 24 de dezembro de 2025 às 14:52
Galípolo e Moraes. Foto: Reprodução

O jornalista Ricardo Noblat avalia que a imprensa brasileira “aparece mal, muito mal” na cobertura do suposto interesse do ministro Alexandre de Moraes no destino do Banco Master. Segundo ele, ou surgem provas de que o ministro mentiu nas notas divulgadas, ou os veículos erraram ao dar crédito a “boatos e rumores espalhados por agentes financeiros da Faria Lima”.

Em sua coluna do Metrópoles, Noblat cita reportagem da Folha de S.Paulo segundo a qual empresários teriam recebido informações de que Moraes pressionara o presidente do Banco Central a favor do banco. A própria Folha registra que Gabriel Galípolo “negou com contundência” qualquer pressão e afirmou que as conversas trataram da Lei Magnitsky, relacionada a sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos.

O colunista lembra que O Globo publicou ter ouvido seis fontes que sustentariam a versão de que Moraes falou sobre o Banco Master e demonstrou interesse em que a instituição não fosse extinta. O O Estado de S. Paulo reforçou a narrativa, afirmando que Moraes teria telefonado diversas vezes para Galípolo para acompanhar a operação envolvendo o banco.

Título de matéria da Folha de S. Paulo

Em resposta, Moraes divulgou nota afirmando que recebeu autoridades do sistema financeiro apenas para tratar “exclusivamente” das consequências da Lei Magnitsky, “em especial a possibilidade de manutenção de movimentação bancária”. Diante das cobranças para que se pronunciasse diretamente sobre o Banco Master, o ministro publicou nova nota negando qualquer conversa, pressão ou ligação telefônica sobre o tema.

Na segunda manifestação, Moraes declarou que “em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente à aquisição do BRB pelo Banco Master” e acrescentou que “o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação”. Galípolo também reiterou a negativa de interferência.

Para Noblat, o impasse coloca o jornalismo diante de uma escolha clara. “Quem acusa tem que provar”, escreve. Caso não haja comprovação, ele afirma que a acusação deve ser retirada, “junto com um pedido de desculpas”. O colunista conclui que, neste caso, “ou é fato ou é fake”.