A imprensa-carcereira já descreve a prisão de Lula. Por Fernando Brito

Atualizado em 3 de março de 2018 às 8:38

 

Do Tijolaço

Primeiro, eles detalharam os supostos “planos de fuga” do ex-presidente Lula. Que, claro, não existiam.

Agora, a Veja, num exercício de prazeirosa morbidez, descreve os complicados planos para a “captura” do líder petista, dando como certa até a data (23 de março) em que o TRF-4 julgará improcedentes os embargos de declaração apresentados por sua defesa.

350 policiais, viaturas aos montes e até um avião para alguém que, no caso de triunfar a Operação Cala a Boca, dirigida por Cármen Lúcia para que o Supremo seja impedido de julgar o seu pedido de habeas corpus, irá apresentar-se tranquilamente a seus algozes.

Numa espécie de glacê do bolo de cumplicidade em que, há anos, a revista chafurda com a Polícia Federal , chegam ao ponto de mostrarem-se, como parte do grupo de carcereiros, qual deve ser a jaula onde atirarão o homem que, nas últimas décadas, mais refletiu as esperanças do povo brasileiro e mais projetou a imagem de nosso país no mundo.

São o retrato do medo e da inconfessa culpa de quem sabe que, aos olhos da nação e do mundo, está cometendo um crime político sob o manto de uma ordem judicial.

É apenas uma casca formal para a sentença que foi ditada pela Justiça dos novos tempos: o complexo empresarial da mídia, ao qual juízes, desembargadores e ministros servem com a sua vaidade vazia e vassalagem indisfarçada.

Há, porém, um dilema colocado diante dos senhores da mídia e seus beleguins, administradores das grades.

Existe ainda, mesmo que no subterrâneo de seu inconsciente, um povo neste país.

É por isso que, por mais “segura” que seja a “tranca” onde pretendam meter Lula, será pequena para conter seu tamanho político-eleitoral.

É possível e até provável que, afinal, o aumente.