“In Fux we trust”: Deltan, Moro e outros lavajatistas celebram voto do ministro

Atualizado em 10 de setembro de 2025 às 15:20
Deltan Dallagnol, então procurador, e Sergio Moro, então juiz, durante evento em 2017. Foto: Jorge Araújo/Folhapress

Figuras ligadas à operação Lava Jato celebraram nesta quarta-feira (10) o voto do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento da trama golpista. O magistrado pediu a anulação do processo e contestou a competência da Primeira Turma para julgar o caso.

Entre os mais empolgados estava o ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol. Ele usou suas redes sociais para afirmar que “Fux está jogando na cara dos ministros que o STF julgou moradores de rua pelo 8 de janeiro no plenário, enquanto Bolsonaro, ex-presidente, está na turma”.

Em seguida, resgatou uma expressão que se tornou conhecida nos vazamentos da Vaza Jato: “In Fux we trust”. A frase, que significa “no Fux a gente confia”, foi usada por Dallagnol em uma troca de mensagens com o senador Sergio Moro (União-PR), então juiz, em 2016.

Moro, que comandou a operação como juiz em Curitiba, também comemorou publicamente a manifestação de Fux. Em postagem, elogiou o ministro e aproveitou para criticar colegas da Corte, reforçando seu posicionamento contrário ao julgamento da trama golpista.

“O pecado original do STF foi assumir a responsabilidade para processar e julgar a acusação contra o ex-presidente”, escreveu no X.

Outra voz da Lava Jato que se manifestou foi a procuradora da República Thaméa Danelon. Ela classificou a fala de Fux como “Aula de Constitucional e Processo Penal ao vivo”.

Rosângela Moro, deputada federal e esposa do ex-juiz, também repercutiu as declarações. “’Impõe-se a nulidade de todos os atos decisórios praticados’. Palavras do Min. Fux ao reconhecer a incompetência absoluta do STF no julgamento dos réus do 8/1. A Constituição foi ignorada e transformaram o Supremo em tribunal de exceção. A banalização constitucional é gravíssima”, escreveu em suas redes.

O ministro defendeu que a Corte não tem competência para julgar a trama golpista e que não cabe ao Supremo “realizar julgamento político”. “Não se pode confundir o papel do julgador com o agente político. É compromisso ético do julgador reafirmar que a Constituição vale para todos”, disse.

Apesar dos elogios dos lavajatistas, a manifestação de Fux tem gerado críticas de juristas e até de outros membros da Corte. Um colega do magistrado chegou a dizer que o voto foi “um dos mais malucos da história do STF”.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.