Não é só Luciano Huck que colocou o trio elétrico na rua com discurso que antecipa 2022, ano da próxima eleição presidencial. O governador de São Paulo, João Doria, foi hoje ao Twitter para mostrar sua diferença em relação a Jair Bolsonaro.
Registre-se: Tanto um quanto o outro ajudaram a colocar Bolsonaro no Planalto.
João Doria fez uma postagem sobre uma obra de duplicação da estrada no litoral norte do Estado de São Paulo e disse que respeita o meio ambiente.
“O vídeo deste caminhão betoneira, sendo transportado por teleférico para não desmatar a vegetação nativa, reflete nossa preocupação com o meio ambiente”, disse ele.
“Fazemos uma gestão responsável, que trabalha para melhorar a vida dos brasileiros de SP e respeita o meio ambiente”, acrescentou.
Só faltou dizer: “Não sou como Bolsonaro”.
Huck, outro que quer passar a imagem de que é diferente do ex-capitão, foi o personagem principal de uma reportagem do Valor, jornal do grupo Globo.
O texto passa a impressão de vivemos um período eleitoral.
Em tempos de radicalismo de direita, o discurso de Huck lança mão de bandeiras típicas da esquerda. Quem não conhecesse o tom anasalado de sua voz poderia confundir a fala com a de Fernando Haddad, o ex-prefeito de São Paulo derrotado por Bolsonaro no ano passado.
“Não dá para falar de meritocracia enquanto a escola do rico não for a escola do pobre. A prioridade um é educação, e a dois e a três também”, diz.
Bolsonaro, juntamente com seu auxiliar Abraham Weintraub, escolheu a educação como área para aplicar os maiores cortes do orçamento.
Olha Huck dizendo também que é diferente.
Em essência, não é.
Nem ele, nem Doria.
Têm diferença de estilo, claro, mas na economia não fariam nada diferente do que Paulo Guedes faz.
Fariam um governo como o de Maurício Macri na Argentina, incapazes de respostas às demandas do conjunto da sociedade brasileira.
Mas, se tiverem oportunidade, vão tentar.
É para isso que chegaram cedo à passarela.