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A imagem do ex-comandante da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, preso, algemado, com a cabeça coberta, sendo entregue à Polícia Federal entra para a galeria simbólica deste período sombrio da história brasileira.
Não é apenas a queda de um ex-comandante. É a representação concreta da Justiça punindo os responsáveis diretos pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Ali não está apenas Vasques. Estão todos seus pares civis e fardados que flertaram com o golpe de Estado, testaram os limites da democracia e apostaram na impunidade.
O ano de 2025 se encerra com uma imagem definitiva do que foi o governo do ex-capitão e da natureza de suas lideranças. Autoritárias no discurso, violentas no método, intelectualmente frágeis na execução.
A tentativa de fuga não é um detalhe lateral, mas a síntese perfeita desse projeto político. Um retrato sem retoques da incompetência que marcou esse governo.
O planejamento foi patético. Não houve estratégia, cálculo ou inteligência mínima. Houve improviso grosseiro, erros sucessivos e uma incapacidade quase constrangedora de antecipar consequências óbvias.
O que se contata é que o militar jamais passou de um protótipo de comandante. Alguém que ocupou o cargo, vestiu a autoridade, mas nunca teve densidade intelectual para exercê-la.
Quando precisou agir sem a blindagem do poder, revelou-se o que sempre foi: um homem limitado, desorientado e intelectualmente incapaz.
A ironia é cruel. O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal que comandou efetivos, deu ordens e tencionou instituições, não conseguiu sequer planejar a própria escapada.
O homem que se sentia à vontade para instrumentalizar uma força de Estado mostrou-se incapaz de organizar um movimento elementar de autopreservação.
Não se trata de azar ou descuido. Trata-se de burrice estrutural, exposta de forma nua e inequívoca.
Convém lembrar quem é esse personagem. Foi peça-chave do bolsonarismo, operador obediente de um governo que tratou instituições públicas como extensão de um projeto autoritário.
Foi ele quem comandou a operação da PRF no segundo turno de 2022, quando rodovias federais foram usadas como instrumentos políticos para constranger eleitores nordestinos, especialmente em regiões onde Lula havia sido amplamente vitorioso.
A imagem do personagem algemado, cabeça coberta sob a custódia da Polícia Federal é o avesso daquela arrogância. A valentia institucional virou submissão. A pose de homem forte virou silêncio. O poder virou medo.
Vasques não cai sozinho. Ele representa todos àqueles que apostaram no caos, que toleraram ou incentivaram o golpismo, que acreditaram que a farda, o cargo ou o sobrenome os colocariam acima da lei.
Não está isolado. Carla Zambelli, Alexandre Ramagem, Eduardo Bolsonaro compõem o mesmo quadro. Fugas, exílios improvisados, deslocamentos oportunistas e discursos de perseguição formam o retrato 3×4 de um grupo que nunca acreditou na democracia, apenas a utilizou enquanto lhe foi conveniente.
São corajosos contra instituições fragilizadas e covardes diante da responsabilização.
O que assusta não é apenas a mediocridade individual, mas o padrão coletivo. Uma elite política grosseira, intelectualmente rasa, que confundiu brutalidade com liderança e ignorância com autoridade.
Quando o espetáculo acaba e o Estado de Direito começa a funcionar, resta apenas o desespero e a tentativa de fuga.
A imagem de Vasques algemado não surpreende, apenas revela que o bolsonarismo nunca foi um projeto de governo, mas um ajuntamento de mediocridades agressivas que sonharam comandar o país pela força.
Incompetentes de pensamento curto e ambição desmedida que tentaram destruir a democracia e agora descobrem que a lei sabe chegar. Afinal, é isso que o Brasil quer em 2026?