Assim como a autuação de Alexandre de Moraes no caso do hacker de Marcela Temer foi decisiva para sua indicação ao STF, a nomeação do novo ministro da Justiça, Carlos Velloso, se deve a uma parceria fecunda com Aécio Neves.
Velloso foi indicado pelo mineiro com a óbvia anuência do PSDB, principal aliado do PMDB no governo.
Ele advoga para Aécio em dois inquéritos que o neto de Tancredo responde no STF. São desdobramentos da Lava Jato, cuja relatoria é de Gilmar Mendes.
Não cobra honorários. “Fui amigo de Tancredo Neves, avô de Aécio, e de Aécio Cunha, pai de Aécio”, disse ao Estadão.
“E sou amigo de Aécio desde os seus 22 anos, quando o conheci, em Belo Horizonte. Sou seu advogado nesses dois casos, em razão dessa amizade. Mais até como conselheiro”.
Em 2014, Velloso quebrou um belo galho para Aécio.
Quando estourou o escândalo da construção de um aeroporto público em Cláudio, nas terras do tio de Aécio, o tucano se utilizou de dois pareceres: um de Carlos Ayres Britto, outro de Carlos Velloso.
Este último enviou o documento diretamente de Portugal. Intitulou-o “breve opinião legal”. Tinha apenas quatro parágrafos. Suficientes para a conclusão era de que o “procedimento” para a obra foi “correto”.
Segundo o site Jota, a campanha aecista gastou R$ 5,3 milhões com advogados. Contava com a consultoria de dois juízes aposentados do Supremo, os supracitados Velloso e Ayres Britto.
Cada um deles recebeu pouco mais de 55 mil reais pelo parecer em defesa do aeroporto em Minas.
Caso assuma a pasta, Carlos Velloso terá de deixar de advogar. É o nome certo no ministério para quem acredita em duendes e em almoço grátis.