Indicação de Flávio Bolsonaro à Presidência pode não ser definitiva, avaliam aliados de Tarcísio

Atualizado em 5 de dezembro de 2025 às 23:43
Tarcísio de Freitas e Flávio Bolsonaro. Foto: Reprodução

A indicação de Flávio Bolsonaro (PL) pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como nome da direita para a disputa presidencial de 2026, não foi bem recebida entre aliados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Até então, Tarcísio era tratado nesses grupos como o principal cotado para representar o campo conservador na eleição do ano que vem. Lideranças partidárias ouvidas avaliaram que o anúncio ainda precisa ser observado com cautela. Com informações do Globo.

Um cacique do MDB afirmou que a informação não deve ser encarada como decisão final. Na avaliação dele, a escolha de Flávio pode fazer parte de uma estratégia para manter o nome da família Bolsonaro no centro das negociações sobre a chapa presidencial de 2026. Segundo esse dirigente, o movimento preserva espaço do clã nas conversas com partidos de centro e de direita.

O presidente de outro partido do centrão, em condição de anonimato, classificou a notícia como “péssima” e disse que o senador Flávio Bolsonaro, além de “não ganhar a eleição, não une o centro” político. Um aliado de Tarcísio afirmou que o aval dado por Bolsonaro ao filho pode não ser definitivo, argumentando que a “política é dinâmica” e que o gesto funciona como um “balão de ensaio” para a família marcar território no debate eleitoral.

Um secretário do governo de São Paulo alinhado a Tarcísio declarou ter tomado conhecimento do “ok” de Bolsonaro ao filho, mas disse entender o movimento como parte de “manobras por espaços” dentro do campo da direita. Na oposição estadual, o tema também repercutiu.

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), que tenta se viabilizar para o governo paulista com apoio de Lula (PT), afirmou que o bolsonarismo “abriu mão” de disputar a Presidência ao escolher Flávio, por considerá-lo um nome com menos chances nas urnas, na sua avaliação. “A disputa real vira para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais”, declarou, em referência às eleições estaduais.

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB). Foto: Reprodução

Dirigentes de partidos como União Brasil, PP, Republicanos e PSD avaliam que Flávio não terá apoio dessas siglas. A leitura predominante nessas legendas é de rejeição a qualquer candidatura que tenha o sobrenome Bolsonaro. Um presidente de partido disse, também sob anonimato, que a indicação de Flávio reduz as alternativas do centro e torna mais provável que parte dessas siglas adote neutralidade na disputa presidencial, concentrando esforços em ampliar bancadas de deputados federais e senadores.

As legendas trabalhavam para construir um acordo em torno do nome de Tarcísio de Freitas, que foi ministro de Jair Bolsonaro e deve parte de seu capital político ao ex-presidente. A articulação previa o governador como candidato ao Palácio do Planalto em 2026. Com o anúncio de Flávio como escolhido pelo pai, dirigentes desses partidos passaram a considerar a ideia “quase impossível”, por entenderem que Tarcísio dificilmente se lançará sem o apoio direto de Bolsonaro.