O ministro Kássio Nunes Marques, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem adotado estratégias discretas para se aproximar do presidente Lula (PT) e amenizar sua imagem de fiel ao político de extrema-direita.
Segundo a Veja, essa mudança de postura foi revelada em uma conversa reservada, ocorrida aproximadamente dois meses atrás, com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que recebeu pedidos para ser a ponte entre o magistrado e o líder petista.
Dias já desempenhou um papel crucial em 2011 ao apresentar o nome de Kássio à então presidente Dilma Rousseff para uma vaga de desembargador no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Foi desse tribunal que o juiz ascendeu para a indicação ao STF.
Agora, o chefe da pasta responsável pelo Bolsa Família tem como uma de suas missões articular um encontro exclusivo entre Lula e o ministro do Supremo, algo que deverá ocorrer em breve. “Kássio foi trazido para Brasília pelas mãos do Wellington e da Dilma e já foi simpático ao PT”, resume um advogado vinculado ao partido.
Outro movimento observado pelos interlocutores do STF é a aproximação de Kássio Nunes Marques com o decano da Corte, Gilmar Mendes. Apesar de desentendimentos em julgamentos marcantes, como o fechamento de igrejas durante a pandemia e a atuação de Sergio Moro na Lava-Jato, os dois juízes parecem estar se aproximando novamente.
Durante a pandemia, Nunes Marques concedeu uma liminar para liberar celebrações religiosas, enquanto Mendes manteve a validade de um decreto de João Doria que vetava cultos em São Paulo. Com decisões conflitantes, o Plenário do STF foi chamado a decidir, e Mendes saiu vitorioso.
Em relação a Moro, Gilmar provocou Nunes Marques após este, em nome do garantismo, questionar a origem ilícita das mensagens hackeadas de procuradores da Lava-Jato. Agora, fontes indicam que o clima entre os dois começa a se distensionar.
Por trás dessas movimentações, estão fatores como o longo tempo de atuação do ministro no STF, com mais de 20 anos pela frente, e sua futura presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2026. Nesse período, Lula pretende buscar a reeleição, enquanto Bolsonaro, atualmente inelegível, planeja, segundo aliados, questionar o uso das urnas eletrônicas.