Indicado de Bolsonaro no STF, Nunes Marques tenta aproximação com Lula

Atualizado em 16 de dezembro de 2023 às 15:21
Kassio Nunes Marques, ministro do STF. Foto: reprodução

O ministro Kássio Nunes Marques, indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem adotado estratégias discretas para se aproximar do presidente Lula (PT) e amenizar sua imagem de fiel ao político de extrema-direita.

Segundo a Veja, essa mudança de postura foi revelada em uma conversa reservada, ocorrida aproximadamente dois meses atrás, com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que recebeu pedidos para ser a ponte entre o magistrado e o líder petista.

Dias já desempenhou um papel crucial em 2011 ao apresentar o nome de Kássio à então presidente Dilma Rousseff para uma vaga de desembargador no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília. Foi desse tribunal que o juiz ascendeu para a indicação ao STF.

Agora, o chefe da pasta responsável pelo Bolsa Família tem como uma de suas missões articular um encontro exclusivo entre Lula e o ministro do Supremo, algo que deverá ocorrer em breve. “Kássio foi trazido para Brasília pelas mãos do Wellington e da Dilma e já foi simpático ao PT”, resume um advogado vinculado ao partido.

Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social. Foto: reprodução

Outro movimento observado pelos interlocutores do STF é a aproximação de Kássio Nunes Marques com o decano da Corte, Gilmar Mendes. Apesar de desentendimentos em julgamentos marcantes, como o fechamento de igrejas durante a pandemia e a atuação de Sergio Moro na Lava-Jato, os dois juízes parecem estar se aproximando novamente.

Durante a pandemia, Nunes Marques concedeu uma liminar para liberar celebrações religiosas, enquanto Mendes manteve a validade de um decreto de João Doria que vetava cultos em São Paulo. Com decisões conflitantes, o Plenário do STF foi chamado a decidir, e Mendes saiu vitorioso.

Em relação a Moro, Gilmar provocou Nunes Marques após este, em nome do garantismo, questionar a origem ilícita das mensagens hackeadas de procuradores da Lava-Jato. Agora, fontes indicam que o clima entre os dois começa a se distensionar.

Por trás dessas movimentações, estão fatores como o longo tempo de atuação do ministro no STF, com mais de 20 anos pela frente, e sua futura presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições de 2026. Nesse período, Lula pretende buscar a reeleição, enquanto Bolsonaro, atualmente inelegível, planeja, segundo aliados, questionar o uso das urnas eletrônicas.

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