“Indignado”: Flávio visita Bolsonaro e diz que pai fez pedido a Motta por anistia

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 11:40
Flávio após visita a Bolsonaro. Foto: reprodução

Os filhos de Jair Bolsonaro (PL), Carlos e Flávio, chegaram por volta de 9h30 desta terça-feira (25) à Superintendência da Polícia Federal em Brasília para visitar o ex-presidente, preso preventivamente desde sábado (22). A ida dos dois ocorreu após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu visitas individuais, sem celulares, fotos ou gravações, com duração máxima de 30 minutos.

Os filhos também transmitiram recado do pai ao Congresso. “Pediu que a gente insistisse com presidente Motta e Alcolumbre, e que nos pedíssemos pra eles a colocação em pauta do projeto de anistia”, disse o senador.

A defesa segue pressionando pela retomada da prisão domiciliar, enquanto aliados do PL tentam reorganizar a estratégia no Congresso após a prisão.

O partido decidiu apoiar o projeto de redução de penas relatado por Paulinho da Força, vista como alternativa para manter o debate sobre anistia vivo, apesar da baixa chance de sucesso. A medida também alcançaria Bolsonaro, reduzindo sua pena de 27 anos e três meses em pelo menos sete anos.

Líderes do Centrão, entretanto, afirmam que não há clima para pautar qualquer proposta relacionada ao 8 de Janeiro. O presidente da Câmara, Hugo Motta, só levará o tema ao plenário se houver consenso, algo inexistente até agora.

Flávio Bolsonaro, que tem assumido o papel de porta-voz do pai, também criticou a limitação das visitas. Pelas redes sociais, escreveu: “As crueldades não têm limites. Apenas 30 de minutos de conversa. Esse tipo de limitação é uma faca no peito para um pai e para um filho. Mas vamos superar”.

Ao deixar o prédio, ele se irritou com jornalistas que o perguntaram do eventual plano de fuga do ex-presidente e afirmou que o pai teve mais uma crise de soluços durante a madrugada, episódio que, segundo ele, reforça a necessidade de o ex-presidente voltar à prisão domiciliar.

“Já estava pronta a decisão para trazê-lo [Jair Bolsonaro] para a sede da PF em Brasília muito antes do meu vídeo da vigília”, argumentou em relação aos danos causados por seu pai na tornozeleira eletrônica, que ocorreram no mesmo dia, ainda mais tarde. “Atentem-se aos detalhes, não é possível que vocês sejam burros e não enxerguem isso”, disse atacando uma repórter.

Flávio também tentou defender a tese de que Bolsonaro teria tido uma confusão mental, supostamente causada por efeitos de remédios, ao avariar o equipamento carcerário: “Vocês estão negando a ciência. Os próprios médicos falam que a mistura daqueles remédios causa confusão mental”.

No entanto, essa teoria já foi desmentida por psiquiatras como Ricardo Castilho, do IPq-HCFMUSP, que em entrevista à Folha, que para considerar uma confusão mental, seria preciso saber se houve superdosagem ou se o paciente parou de tomá-los ou aumentou a dose por conta própria.

“É um cara de 70 anos de idade. Aqui ele fica sozinho na sala, a Michelle falou pra gente ontem, durante o nosso evento no PL, porque é ela que cuida dele de noite, quando ele tem uma crise de soluço — ele teve outra crise soluço de ontem pra hoje”, declarou. O senador pelo PL-RJ afirmou ainda que a crise foi amenizada após um policial federal oferecer um medicamento.

Flávio disse que Bolsonaro está “indignado” com a prisão e insistiu na versão de confusão mental causada por medicamentos psiquiátricos. Ele relatou que o ex-presidente tem tomado as doses sob orientação da equipe médica.

“Ele diz que está sendo bem atendido pelos policiais federais. O doutor Cláudio deixou aqui os remédios separados, para que ele pudesse tomar sem misturar remédios, sem tomar a mais nem a menos, para continuar esse cuidado especial com relação às crises de soluço, que é o que mais nos preocupa neste momento”, afirmou.

Em audiência de custódia no domingo, Jair Bolsonaro afirmou ter tomado sertralina e pregabalina e atribuiu o episódio da tornozeleira eletrônica a um surto. A justificativa foi rejeitada pelo ministro Alexandre de Moraes, que apontou risco de fuga, violação de cautelares e tentativa de mobilizar apoiadores para dificultar a fiscalização.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.