Indulto a Bolsonaro é “golpismo de marcha à ré”, diz Alckmin após evento com Tarcísio

Atualizado em 5 de setembro de 2025 às 20:47
Geraldo Alckmin, Silvo Costa Filho e Tarcísio de Freitas batem martelo após leilão. Foto: Reprodução/YouTube – B3

Nesta sexta-feira (5), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) criticou a proposta de indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em evento realizado na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, ele classificou a medida como “golpismo de marcha à ré” e disse que iniciativas que desrespeitam decisões do Judiciário são inaceitáveis.

A declaração foi feita durante o leilão do túnel Santos-Guarujá, no qual Alckmin esteve ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O projeto, que conecta o litoral paulista à capital, foi negociado em parceria entre os governos federal e estadual. Além disso, participaram os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Márcio França (Empreendedorismo) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

O evento teve clima de cooperação, mas também deixou espaço para recados políticos. Haddad e França fizeram críticas indiretas a Tarcísio, enquanto Costa Filho, aliado do governador paulista, defendeu a união institucional. Coube a ele chamar Alckmin e Tarcísio para juntos baterem o martelo da concessão, em gesto simbólico de conciliação.

Costa Filho reforçou a importância do pacto federativo e destacou que projetos dessa dimensão precisam ser conduzidos acima das divisões partidárias. Ele ainda ressaltou que é necessário manter o diálogo independentemente de posicionamentos ideológicos.

Fernando Haddad durante o evento na Bolsa de Valores (B3). Foto: Wilton Junior/Estadão

Em fala posterior, Márcio França afirmou que, caso ainda fosse deputado federal, votaria contra o projeto de anistia a Bolsonaro em discussão no Congresso. O ministro, no entanto, defendeu a revisão das penas aplicadas aos envolvidos nos atos golpistas, sugerindo ajustes na dosimetria.

Haddad, por sua vez, afirmou que não houve disputa por protagonismo nas tratativas do túnel, embora bastidores indicassem divergências entre governos estadual e federal sobre a condução da obra. O ministro também lembrou o plano frustrado que visava assassinar o presidente Lula, Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, inserido no julgamento da tentativa de golpe.

Ele disse que a democracia comporta divergência de ideias, mas não pode tolerar ações autoritárias. Haddad ressaltou que o evento simbolizava a retomada de um “espírito republicano”, em contraposição ao clima de polarização extrema que marcou a política recente.

Tarcísio de Freitas evitou comentar as articulações que fez em Brasília na semana anterior em defesa da anistia a Bolsonaro. Ao ser questionado sobre o tema, respondeu apenas que “o assunto aqui é o túnel”, desviando a atenção para o projeto de infraestrutura do estado.

Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.