Indulto a Lula lembra rumor infundado sobre 3º mandato. Por Kennedy Alencar

Atualizado em 18 de setembro de 2018 às 14:04
Kennedy Alencar. Foto: Divulgação/Twitter

Publicado originalmente no blog do autor

POR KENNEDY ALENCAR

Essa história de que Lula deseja um indulto lembra os rumores infundados de 2008 e 2009 de que o então presidente mudaria a Constituição para concorrer a um terceiro mandato. Quem tinha informação sabia que Lula não embarcaria na aventura, mas muita gente especulou, escreveu e informou erradamente que o petista buscava uma forma de obter um terceiro mandato.

Segundo petistas e amigos de Lula que estiveram com ele em Curitiba, o ex-presidente é muito resistente à ideia de um indulto (perdão judicial dado por decreto presidencial). Avalia que seria uma confissão de culpa. Lula quer provar sua inocência em tribunais superiores, dizem todos os que conversaram com ele.

Outro complicador: não se vê em Brasília facilidade para emplacar uma articulação desse tipo. Convém lembrar que, com o ativismo judicial em alta, o STF reescreveu o último decreto de indulto de Michel Temer, avançando sobre prerrogativas presidenciais.

Quando este jornalista trabalhava na “Folha de S.Paulo”, escreveu esta coluna sobre o tal terceiro mandato. Também tem esta outra Pensata aqui sobre o mesmo tema.

Ganha voto

O “efeito Lula” acelerou a transferência de votos do ex-presidente para Fernando Haddad, mostrou a pesquisa Datafolha divulgada na sexta passada. O detalhamento da pesquisa é ainda mais favorável a Haddad e a Jair Bolsonaro (PSL), que apresentam índices maiores de eleitores convictos do voto. Bolsonaro assumiu o lugar do PSDB na polarização com o PT.

Dizer que Lula mandará num governo Haddad traz mais votos para o candidato do PT à Presidência. A versão de que o ex-prefeito seria um poste, que não se sustenta na realidade, só deixa clara a proximidade entre Lula e Haddad. Eleitoralmente, o ex-prefeito ganha mais do que perde com essa associação.

Golpismo

O presidente do STF, Dias Toffoli, e o TSE fizeram bem ao responder a Bolsonaro, dizendo que a urna eletrônica é segura. Essa teoria conspiratória não deveria ser usada por um político que obteve 5 dos 7 mandatos de deputado federal por meio do voto eletrônico.

Essa argumentação é golpista e autoritária. Busca deslegitimar o resultado eleitoral. Os políticos e os cidadãos precisam aprender a respeitar o veredito das urnas. Aécio Neves errou em 2014. Quem ganhar deve ter pasta para governar. Quem perder deve buscar um mandato popular daqui a quatro anos.