
Integrantes do governo levaram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a proposta de conceder um indulto parcial a condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A medida, no entanto, não incluiria os líderes e financiadores da trama golpista, restringindo-se apenas a participantes de menor relevância no episódio.
A sugestão partiu de mais de um ministro, segundo a coluna de Lauro Jardim, mas não encontrou eco no Palácio do Planalto. De acordo com relatos, a falta de interesse de Lula em discutir a ideia foi evidente, o que praticamente inviabiliza a hipótese de avançar internamente.
A proposta aparece em um momento de forte pressão política. Enquanto a Câmara dos Deputados, sob influência do PL e do Centrão, articula projetos de anistia ampla que beneficiariam até Jair Bolsonaro, líderes do MDB e do PSD já avisaram que vão barrar qualquer tentativa semelhante no Senado, alegando inconstitucionalidade.

Lula, por sua vez, tem reforçado em discursos a defesa da soberania e da democracia, classificando os atos de 8 de janeiro como uma tentativa de golpe que não pode ficar impune. No governo, a avaliação é de que um indulto, ainda que parcial, passaria a imagem de fraqueza diante dos ataques às instituições.
A discussão também acontece às vésperas da retomada do julgamento no STF do núcleo central da trama golpista. Jair Bolsonaro e outros sete réus respondem por crimes como tentativa de golpe de Estado, com penas que podem chegar a 43 anos de prisão.
Diante desse cenário, a sinalização de Lula foi clara: não há disposição em adotar uma saída negociada por meio de indulto. Para o presidente e seus aliados mais próximos, a prioridade é manter o respaldo institucional ao Supremo Tribunal Federal e rechaçar qualquer possibilidade de perdão coletivo.