O inferno antes do golpe. Por Moisés Mendes

Atualizado em 3 de setembro de 2021 às 20:58
Bolsonaro – Foto: Reprodução

O inferno antes do golpe

Por Moisés Mendes

Foi terrível para Bolsonaro a semana que antecede o evento de 7 de setembro na Avenida Paulista, anunciado por ele como o marco de alguma coisa grandiosa e com repercussão internacional.

Poucos dias antes de anunciar o golpe que pode fechar o Supremo e transformá-lo em imperador, Bolsonaro foi desrespeitado em sua intimidade por duas figuras, uma de expressão nacional e a outra um anônimo.

Bolsonaro foi atingido na testa por dois ex-aliados, que deram o seguinte recado ao tratar de questões da privacidade do sujeito: não há motivos para temer a família, que está sendo destruída todos os dias e que em algum momento irá tombar.

Os Bolsonaros estão diante da arma do deboche, do escracho. O ex-empregado da família Marcelo Luiz Nogueira dos Santos acusou Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, de ser a primeira gestora das rachadinhas e de ter sido afastada depois do esquema por ter traído o marido.

E Rodrigo Maia levantou a suspeita de que Bolsonaro ataca os gays por ser um gay recalcado e bloqueado pela imposição das duras normas da caserna.

Maia foi colega de Bolsonaro na Câmara por 20 anos. Presidiu a Câmara, negociou projetos do governo, foi aliado de Bolsonaro em muitas empreitadas. Conhece Bolsonaro.

Nogueira foi empregado da família por 14 anos, prestou serviços à ex-mulher de Bolsonaro e foi babá de Renan, o 04. Conhece todos os cômodos.

Os dois, Maia e Nogueira, ultrapassaram limites que até agora vinham sendo mais ou menos respeitados, o da vida pessoal de Bolsonaro, um sujeito que não se preocupa com a reputação de ninguém e age como um predador amoral de inimigos.

O dano dos ataques na cabeça e no ânimo de Bolsonaro só pode ser avaliado pelos assessores de copa e cozinha. Esses saberão dizer o que Bolsonaro sentiu.

Deve ter sido dureza para um macho inseguro, que precisa repetir sua condição de imbrochável, absorver ataques em sequência à sua masculinidade. E que partem de duas pessoas que o conhecem bem.

A sexta-feira ainda teve, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, a prisão do blogueiro Wellington Macedo, amigo da família e um dos organizadores dos atos do 7 de setembro.

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Saída

Só há uma saída para Bolsonaro, que chegou ao ponto do não retorno. Montar num cavalo branco. Com Carluxo na garupa, entrar na Avenida Paulista triunfante, no 7 de setembro, anunciar o golpe e esperar o caos.

Bolsonaro precisa ter a coragem dos golpistas, porque não há mais como continuar blefando até a eleição.

(Texto originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES)