Infiltração de bolsonaristas em protesto contra o governo na Paulista é investigada

Atualizado em 4 de julho de 2021 às 12:53
Agência bancária depredada em SP Crédito: Fábio Vieira/Metrópoles

Os protestos de sábado, 3 de julho, que levaram mais de 800 mil pessoas às ruas de acordo com seus organizadores tiveram poucos registros de violência ou de desorganização, mas, como costuma acontecer nas manifestações de esquerda, os fatos que ocorrem recebem amplo destaque da imprensa tradicional.

Tome-se o exemplo de ontem, em que certamente mais de 5 500 pessoas (à despeito dos números informados pela Polícia Militar) ocuparam mais de dez quadras da Paulista para, pacificamente e, dentro do possível, respeitando os protocolos do distanciamento social, para pedirem o “Fora Bolsonaro”: no fim dos protestos, manifestantes black blocks depredaram uma agência bancária e uma concessionária de veículos.

Veja o vídeo:

O deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) diz que está investigando a presença de infiltrados da extrema-direita nos tumultos do sábado. Ao DCM, disse que já há pistas de que existem bolsonaristas entre os depredadores.

Segundo ele, foi detectada a movimentação deles nas redes e os mesmos que promovem os atos antidemocráticos, pedindo AI-5 e fechamento do Congresso, estavam nas ruas ontem.

“Estamos rastreando nomes e contas”, diz Frota. “Esse é o modus operandi do bolsonarismo sujo e covarde”.
Esse fenômeno já aconteceu nas chamadas “jornadas de junho”, em 2013, e reforçou perante a opinião pública a sensação de que os esquerdistas são agressivos e perigosos.

Depois do episódio do militar do serviço de inteligência do Exército, Willian Pina Botelho, que ficou conhecido como “Balta Nunes” nos tempos dos protestos conta o presidente golpista Michel Temer, a existência de infiltrados deixou de ser uma hipótese meramente conspiratória para se tornar uma realidade.

“Balta” armou uma emboscada contra manifestantes de um grupo do qual se aproximou como militante. Dezoito pessoas foram presas por conta de sua ação, embora todas tenham sido posteriormente absolvidas.

As redes bolsonaristas foram muito velozes na repercussão e as conhecidas agressões à esquerda intensificaram-se no fim da noite, após os acontecimentos.

Observe-se o levantamento do pesquisador Fabio Malini sobre a repecurssão dos atos do 3J nas redes antes e depois deles. A bolha bolsonarista, que estava sendo massacrada ao longo do dia, teve uma sensível reação após as notícias sobre os “vândalos”.

“Bolsonaro postou muito rápido fotos disso, como se tivesse encomendado”, notou o jornalista Miguel do Rosário. “Odeio teorias de conspiração, mas o diretor da CIA esteve ontem no Brasil para conversa reservada com Bolsonaro, que já veio a público sugerir que o teor da conversa foi “preocupação” com o crescimento político e eleitoral da esquerda na América Latina.”

A jornalista Hildegard Angel também acredita nessa possibilidade: “Não é o povo hordeiro que faz tumulto em manifestação, todo mundo sabe. É a P2 de Bolsonaro”. Para ela, uma reação violenta da Polícia Militar intimidaria e desestimularia os futuros manifestantes.

“P2” é o nome dado à polícia secreta, ou velada, uma parte da corporação destacada para levantar informações em meio a investigações de crimes.

O uso desses agentes em manifestações é comum é serve para sabotagem e também para identificar lideranças e reprimir manifestações.