
O governo do presidente Lula (PT) caminha para registrar, até o fim do terceiro mandato, a menor inflação acumulada em um período de quatro anos desde 1999, quando foi implantado o regime de metas de inflação no Brasil.
O cálculo é do economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), feito a pedido da Folha de S.Paulo. Segundo ele, se as projeções para 2025 e 2026 se confirmarem, o acumulado da gestão Lula 3 será de 19,11%, o mais baixo em mais de 25 anos.
Desde o início do regime de metas, em 1999, o menor índice havia sido registrado justamente no segundo mandato de Lula, entre 2006 e 2010, quando o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulou 22,21%.
A nova marca, se confirmada, superará o próprio desempenho do petista, ficando abaixo dos resultados de FHC, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
O sistema de metas de inflação foi adotado durante o governo Fernando Henrique Cardoso, com alvo inicial de 8% ao ano. Desde então, a política passou por ajustes graduais, e hoje o objetivo central é manter a inflação em 3%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, entre 1,5% e 4,5%.
A possibilidade de encerrar o mandato com o menor índice de inflação acumulada da história recente é comemorada dentro do governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem reforçado esse discurso em eventos públicos.
“O senhor [Lula] vai terminar o terceiro mandato com a menor inflação acumulada da história do Brasil. O mais importante é que o senhor está batendo esse próprio recorde. Porque antes desse mandato, o senhor já tinha batido esse recorde no segundo mandato”, disse Haddad durante o lançamento do programa Reforma Casa Brasil.

Percepção popular e desafio político
Pesquisa Datafolha de abril mostrou que 54% dos entrevistados atribuem ao governo Lula a responsabilidade pelo aumento recente dos preços dos alimentos. Essa diferença entre percepção e realidade preocupa a equipe de comunicação do Planalto, que vê no tema um desafio para a eleição de 2026.
Integrantes do governo avaliam que programas voltados à renda podem ajudar a melhorar a percepção da população sobre o custo de vida. Entre as medidas destacadas estão o Auxílio Gás e a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, proposta já aprovada pela Câmara dos Deputados.