Inflação deve ficar dentro da meta pela primeira vez no ano, dizem economistas

Atualizado em 17 de novembro de 2025 às 15:52
Imagem ilustrativa. Foto: Divulgação

Pela primeira vez neste ano, as projeções do mercado financeiro apontam que a inflação deve encerrar 2025 dentro do limite definido pelo Banco Central. O boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (17), indica que o IPCA deve fechar o ano em 4,46%, abaixo do teto de 4,5% permitido pela meta de 3%, que admite variação de 1,5 ponto percentual. A estimativa recuou em relação à semana passada, quando estava em 4,55%.

As expectativas vinham em trajetória mais elevada no início do ano e chegaram a 5,68% em março. A partir de abril, porém, os analistas iniciaram uma sequência de revisões para baixo. Ao longo das últimas 30 semanas, houve redução em 25 delas, movimento que reforça a leitura de que a pressão inflacionária perdeu força no segundo semestre.

As previsões para os próximos anos, no entanto, permanecem estáveis. O Focus manteve as projeções de 4,2% para 2026, 3,8% para 2027 e 3,5% para 2028, sinalizando que o mercado ainda vê desafios no retorno consistente da inflação ao centro da meta.

A revisão ocorre após o IBGE divulgar que o IPCA desacelerou para 0,09% em outubro, abaixo dos 0,48% de setembro. Trata-se da menor taxa para o mês em 27 anos. No acumulado de 12 meses, o índice caiu de 5,17% para 4,68%, o nível mais baixo desde janeiro, quando havia atingido 4,56%.

Gráfico de inflação do mercado. Foto: Banco Central

Na semana passada, o Ministério da Fazenda também revisou suas estimativas. A projeção de crescimento do PIB para 2025 foi ajustada para 2,2%, ligeiramente abaixo dos 2,3% previstos em setembro. Para 2026, a estimativa foi mantida em 2,4%. A pasta ainda projetou inflação de 4,6% para este ano, ante os 4,8% calculados anteriormente.

Segundo a Fazenda, a expectativa é que a inflação recue para 3,5% em 2026 e chegue a 3,2% no segundo trimestre de 2027, horizonte considerado relevante para a condução da política monetária. A avaliação é de que o cenário internacional e a desaceleração da atividade doméstica contribuem para o ritmo mais lento de reajustes de preços.

O Focus também trouxe ajustes em outras variáveis. A projeção para o dólar caiu para R$ 5,40, após R$ 5,41 na semana anterior. A previsão para a Selic permaneceu em 15%, indicando que o mercado não espera cortes no curto prazo diante do quadro fiscal e das incertezas externas.

A estimativa para o PIB de 2025 também ficou estável em 2,16%. Para analistas, o conjunto dos dados sugere um ambiente de inflação mais controlada, mas ainda condicionado ao comportamento das despesas públicas, das commodities e da política monetária global.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.