Inflação no atacado despenca no Brasil, segundo a FGV. Por Miguel do Rosário

Atualizado em 22 de outubro de 2025 às 19:16
Transportadora de frutas. Foto: Divulgação

Originalmente publicado em O Cafezinho

O Brasil possui dois grandes índices de inflação que são cruciais para a compreensão da dinâmica econômica nacional. O mais conhecido é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, que mede a inflação no varejo e reflete o custo de vida para o consumidor final. Contudo, existe outro indicador fundamental, o IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que acompanha a variação de preços no atacado, no consumo e na construção civil.

Economistas frequentemente observam o IGP-10 como uma espécie de prévia da inflação no varejo, uma vez que as variações de preços no atacado tendem a ser repassadas, com o tempo, para o consumidor final, impactando diretamente os preços em supermercados e outros estabelecimentos. As recentes notícias sobre o último IGP-10, divulgado pela FGV, trouxeram um dado particularmente relevante: uma queda acentuada nos preços do atacado no Brasil.

De acordo com o relatório da FGV, o IGP-10 registrou uma variação de 0,08% em outubro (variação mensal), após uma variação de 0,21% em setembro (variação mensal). O índice, que mostra um comportamento de baixa, acumula uma queda de 0,98% no ano e uma variação de 1,60% nos últimos 12 meses. O componente que mais contribuiu para essa desaceleração foi o IPA-10 (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que registrou uma queda em outubro (variação mensal).

Gráfico da inflação segundo o FGV. Foto: Divulgação

Essa notícia é especialmente positiva para as famílias mais pobres do país, e também para a popularidade do governo. A forte queda no IPA, que reflete os preços dos alimentos no atacado, é um fator crucial. Produtos como soja (em grão), bovinos e arroz (em casca) registraram quedas significativas em outubro. O IPA-10 acumulado em 12 meses, que estava em 6,08% em dezembro de 2022 e em 7,31% em dezembro de 2024, hoje se encontra em 0,35% em outubro de 2025, evidenciando uma forte desaceleração. O café (em grão), que no auge da sua inflação acumulada para o consumidor (IPCA) chegou a registrar 80,2% em 12 meses (maio de 2025), agora mostra sinais de desaceleração, com uma variação mensal de 3,05% em outubro (IPA-10), após 22,37% no mês anterior, indicando que seus preços também começam a ceder.

Além dos alimentos, o setor da construção civil também mostrou sinais de desaceleração. O INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) registrou uma variação em outubro (variação mensal), abaixo da taxa observada em setembro (variação mensal). A queda nos preços de materiais de construção pode facilitar a realização de mais obras e, consequentemente, gerar mais empregos no setor.

Esses movimentos nos índices de preços, especialmente a desaceleração no atacado, sugerem um alívio nas pressões inflacionárias, o que pode se traduzir em um maior poder de compra para os consumidores e um cenário econômico mais estável. Acompanhar esses indicadores é essencial para entender as tendências futuras da economia brasileira.

No que tange ao IPCA, o índice de inflação oficial do Brasil, a boa notícia também se estende. Dados divulgados pelo IBGE em outubro de 2025 indicaram que, em setembro de 2025, o IPCA registrou 0,48% mensalmente, e acumulou 5,17% nos últimos 12 meses. A inflação de alimentos, um item de grande peso no orçamento familiar, também tem mostrado sinais de desaceleração no IPCA, reforçando o cenário positivo para o consumidor final.