Instagram de Lula tornou-se peça-chave para a sua tentativa de reeleição

Atualizado em 17 de dezembro de 2025 às 11:04
O presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por Leonardo Sakamoto, no UOL

Se o WhatsApp foi fundamental para Jair Bolsonaro conseguir sua eleição em 2018, o Instagram vem tendo papel semelhante para Lula na busca pela reeleição em 2026. Em um momento em que imagens pesam mais que textos na organização do simbólico na política, o petista vem tendo bons resultados com a plataforma.

A foto em que ele aparece de forma descontraída ao lado do ex-jogador de futebol e empresário Ronaldo e do ministro Alexandre de Moraes, na cerimônia de lançamento do SBT News, em São Paulo, na última sexta (12), teve, até agora, mais de 7 milhões de visualizações, 624 mil curtidas e 85 mil compartilhamentos. A imagem é do fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert, que também cuida da sua conta no Instagram.

Já a foto recordista em audiência na conta foi a do aperto de mão entre ele e o presidente Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, também de Stuckert. Publicada em 26 de outubro, teve 21,5 milhões de visualizações, mais de 1 milhão de curtidas e 111 mil compartilhamentos.

Ela simbolizou para o eleitorado brasileiro uma virada nas relações entre os dois países, abaladas desde que o deputado Eduardo Bolsonaro conspirou nos EUA para pressionar o Brasil a livrar Jair da cadeia pela tentativa de golpe. E representou um duro golpe para o bolsonarismo, que tentava provar que enquanto o Brasil não obedecesse, não haveria aproximação.

Não é, contudo, a imagem com maior audiência, posto que fica com um card de 10 de julho com a mensagem “Brasil Soberano – O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. A publicação ocorreu um dia após Trump anunciar um tarifaço de 50% sobre as importações de produtos brasileiros, colocando em risco empresas e empregos por aqui.

Essa imagem marcou uma virada discursiva no Instagram, em que o governo passou a assumir um discurso mais nacionalista. O governo Lula se esforçou tanto em apontar que o clã Bolsonaro atuou como traidor da pátria por incitar as sanções quanto para mostrar que estava ao lado dos brasileiros.

Em conversa por áudio com o ex-presidente Jair Bolsonaro revelada pela Polícia Federal, o pastor Silas Malafaia desabafou: “Desculpa, presidente. Esse seu filho Eduardo é um babaca inexperiente que está dando a Lula e a esquerda o discurso nacionalista, e ao mesmo tempo te ferrando”.

Enquanto o bolsonarismo estendia um bandeirão dos EUA no 7 de setembro, na avenida Paulista, Lula usou o arsenal patriótico não apenas no desfile que conduziu em Brasília, mas também nas fotos e imagens do Instagram.

Ato bolsonarista na avenida Paulista tem bandeiraço dos EUA. Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

O governo ainda pena para recuperar a popularidade do início do mandato, mas a forma como se posicionou diante das sanções e a maneira como essa narrativa foi vendida ao público, ajudou a garantir pontos de aprovação e de intenção de voto. Em um momento em que o governo dos Estados Unidos remove as sanções da lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, a estratégia comunicacional nas redes não pode ser desprezada.

O petista possui a maior quantidade de seguidores em números absolutos na plataforma entre os líderes da América Latina, com 14,2 milhões de seguidores.

Fecham os cinco mais: Nayib Bukele (El Salvador), com 10,8 milhões (o que é impressionante para um país com uma população estimada em 6,6 milhões); Javier Milei (Argentina), 6,1 milhões; Claudia Sheinbaum (México), 2,8 milhões; e Nicolás Maduro (Venezuela), 2,2 milhões.