
As vendas de bebidas alcoólicas no estado de São Paulo caíram de forma expressiva na última semana de setembro, após o aumento das notificações de intoxicação por metanol no país. Dados da consultoria Varejo 360 indicam recuos superiores a 35% em relação ao mesmo período de 2024, com as maiores quedas concentradas nos dias 25, 26 e 27 de setembro. O levantamento analisou notas fiscais de 33,7 mil consumidores em diferentes tipos de comércio, de pequenas adegas a grandes supermercados.
Entre as categorias mais afetadas estão os destilados, especialmente a vodca, que apresentou redução de 45% nas vendas na sexta-feira (26) e de 43% no sábado (27). Segundo Fernando Faro, diretor da Varejo 360, o impacto foi sentido com mais força em estabelecimentos menores, que têm menos controle sobre a procedência dos produtos. “Ainda não se sabe se o comportamento vai se manter, mas é provável que o consumidor busque alternativas conforme novas informações forem divulgadas”, afirmou.
A retração ocorre após o Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), confirmar dezenas de casos de intoxicação por metanol em São Paulo. A crise sanitária levou o governo federal a emitir alertas sobre o consumo de bebidas adulteradas e intensificar as fiscalizações em todo o país.
Enquanto o varejo observa queda nas prateleiras, bares e restaurantes ainda não registram impacto expressivo, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). “O ambiente é de quase normalidade. Em São Paulo, há regiões mais afetadas, mas o momento do pânico parece ter passado”, afirmou o presidente da entidade, Paulo Solmucci. No Rio de Janeiro, a redução nas vendas chegou a 20% em áreas mais nobres.

As grandes redes varejistas, como Carrefour e Atacadão, afirmam que as vendas de destilados permanecem estáveis. Em nota, o Carrefour informou que a média diária de vendas se manteve dentro do esperado tanto em setembro quanto nos primeiros dias de outubro. Outras entidades, como a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Paulista de Supermercados (Apas), preferiram não comentar.
Os próximos relatórios da Varejo 360 devem confirmar se a retração observada se manterá ou se o consumo voltará a crescer nas próximas semanas. Especialistas do setor avaliam que a confiança do consumidor dependerá diretamente da transparência nas investigações sobre a origem das bebidas adulteradas e da rapidez das ações de fiscalização.