
A relação entre Brasil e Estados Unidos atravessa um momento de tensão diplomática após novas declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, e a divulgação de uma nota oficial da Embaixada dos EUA em Brasília defendendo Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira (9), o Itamaraty convocou o encarregado de Negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos e ouvir um protesto formal do governo brasileiro.
A embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, que conduziu a reunião no Ministério das Relações Exteriores, classificou como “intromissão indevida” a manifestação da Embaixada e do Departamento de Estado dos EUA sobre a situação judicial de Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal por liderar uma tentativa de golpe de Estado. O Itamaraty reforçou que a atitude foi considerada “inaceitável” e advertiu que ela pode trazer “consequências negativas para a relação bilateral entre os dois países.”
Em nota oficial divulgada nos últimos dias, a representação norte-americana em Brasília reproduziu declarações de Trump dizendo que Bolsonaro é vítima de “perseguição política”. O texto afirma que o ex-presidente brasileiro foi um “forte parceiro dos Estados Unidos” e que sua investigação “desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.
A tensão aumentou ainda mais nesta quarta, quando Trump voltou a mirar o Brasil durante um evento com líderes da África Ocidental na Casa Branca. Ele anunciou que pretende elevar tarifas comerciais contra o país e disse que “o Brasil não tem sido bom conosco”. Segundo Trump, a notificação oficial com os novos valores das tarifas deve ser divulgada até quinta-feira (10).
A escalada verbal de Trump e a resposta firme do Itamaraty acendem um sinal de alerta sobre o futuro da relação entre os dois países. O governo brasileiro reiterou que “não cabe aos Estados Unidos ou a ninguém tomar partido ou se manifestar sobre questões internas que dizem respeito ao Brasil”, e que qualquer tentativa de interferência será tratada com seriedade no âmbito diplomático.