Investigação da PF contra o Banco Master causa pânico em Brasília; entenda

Atualizado em 18 de novembro de 2025 às 14:14
Prédio do Banco Master. Foto: Divulgação

As apurações que levaram à prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, devem revelar uma rede de influências políticas que sustentou parte das operações irregulares da instituição. A Polícia Federal interceptou o empresário na noite de segunda-feira (17), no aeroporto de Guarulhos, quando ele embarcava em um avião particular rumo a Malta.

Investigadores afirmam que ele tentava deixar o país no momento em que o caso avançava para uma nova fase. Segundo fontes ligadas à investigação, diversas operações do Banco Master teriam sido aprovadas após pressão direta de políticos com trânsito em instituições financeiras e fundos de pensão.

Entre os nomes sob análise estão governadores e parlamentares que, de alguma forma, tinham poder sobre conselhos ou diretorias desses órgãos. Essas intervenções, segundo a PF, permitiram que operações sem lastro fossem fechadas para maquiar a saúde financeira do banco.

O caso chegou à Polícia Federal depois que técnicos do Banco Central identificaram transações classificadas como fraudulentas. O BC constatou práticas conhecidas no setor como operações fantasma, usadas para alterar artificialmente o balanço de instituições financeiras.

O material foi encaminhado à PF e ao Ministério Público, dando início à investigação. A Polícia Federal apura ainda que parte significativa dessas operações envolveu bancos públicos e fundos de pensão. Para os investigadores, houve uma tentativa de driblar controles internos desses órgãos, sempre com o apoio de agentes políticos alinhados a Vorcaro.

Daniel Vorcaro, proprietário do Bano Master e acionista da SAF do Atlético-MG. Foto: Reprodução

As suspeitas recaem sobre autoridades que teriam atuado para aprovar transações em benefício do Master. Um dos pontos que chamou atenção dos investigadores foi o anúncio, feito na segunda-feira, da venda do Banco Master ao consórcio liderado pela Fictor Holding Financeira.

Para a PF, a operação teria funcionado como uma “bomba de fumaça”, estratégia para confundir o mercado e reduzir os danos enquanto as irregularidades se tornavam públicas. O objetivo seria ganhar tempo e evitar que o esquema fosse completamente exposto.

A investigação envolve ainda a emissão de CDBs com rentabilidade muito acima do mercado. De acordo com a PF, o Master oferecia retornos de até 40% superiores às taxas praticadas no sistema financeiro, algo que não se sustentava na prática.

O modelo, considerado insustentável, pode ter movimentado R$ 12 bilhões. Os títulos eram vendidos como investimentos de renda fixa, mas tinham lastro falso, segundo os investigadores.

A prisão de Vorcaro ocorreu poucas horas depois do anúncio da venda ao grupo Fictor e cerca de um mês após o Banco Central rejeitar a tentativa de compra do Master pelo Banco de Brasília (BRB). O movimento indicava instabilidade dentro da instituição e chamou atenção das autoridades reguladoras.

Na manhã desta terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, determinando também a indisponibilidade de bens dos controladores e ex-administradores. Com essa decisão, qualquer operação de venda é automaticamente suspensa.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.