
Um inquérito policial instaurado em 2022 investiga um possível esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o empresário João Araújo, controlador da mineradora Buritirama e filho do bilionário Silvio Tini. A apuração tem como foco uma operação financeira realizada com a gestora Zion Capital, comandada por Vicente Conte Neto, que à época tinha como sócio o banqueiro Daniel Vorcaro, do Banco Master, liquidado pelo Banco Central.
A investigação teve origem em uma denúncia apresentada por Silvio Tini, que acusa o filho de ocultar e dissimular uma operação de crédito no valor de R$ 87 milhões firmada com a Zion Capital em junho de 2019. Segundo o inquérito, a transação teria sido estruturada de forma a mascarar a origem e a destinação dos recursos.
Pai e filho estão rompidos há mais de sete anos. Segundo o Uol, Silvio Tini tenta na Justiça interditar parcialmente João Araújo, alegando incapacidade para gerir o próprio patrimônio. As informações constam de uma ação na qual o empresário busca, por meio das filhas, assumir o controle das finanças do filho.
Em 2021, o Banco BV ingressou com uma ação de execução para cobrar R$ 26,7 milhões referentes a um contrato de mútuo firmado com a Zion Capital, ligado a um empréstimo concedido à Buritirama em 2019 e que não havia sido quitado.

Na ação, João Araújo afirmou que a dívida foi paga em julho de 2020, apresentando um comprovante de transferência de R$ 39,2 milhões e alegando que o valor remanescente teria sido perdoado.
De acordo com o inquérito policial, João possuía um crédito de R$ 86,942 milhões contra a Zion Capital. O valor teria sido quitado em 2021, sem que houvesse comprovação de ingresso efetivo de recursos. No mesmo ano, o patrimônio declarado do empresário encolheu R$ 102 milhões, encerrando o exercício em R$ 513 milhões.
A Zion Capital controla o fundo CARE11, voltado a investimentos em cemitérios e funerárias. O fundo foi citado na operação Compliance Zero. Daniel Vorcaro ingressou na sociedade em 2017, adquirindo 33% da gestora. No mês passado, o gestor de uma funerária investida pelo CARE11 foi multado em R$ 2 milhões pela CVM por operações realizadas em 2022 que resultaram em aumento artificial do valor das cotas.
João Araújo também declara dívidas pessoais superiores a R$ 3 milhões com o pai. Silvio Tini cobra ainda valores relativos à venda do controle da Buritirama, adquirida pelo filho em 2018, operação que marcou a saída de João dos demais negócios da família.
A Buritirama, que já foi a maior mineradora de manganês do país, entrou em crise em 2021, quando bancos e prestadores de serviço passaram a executar dívidas. A falência foi decretada em 2023, com passivo estimado em R$ 1,4 bilhão. Antes do colapso, João distribuiu a si próprio mais de R$ 400 milhões em dividendos entre 2019 e 2020.