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Por que o número de investigações do MP está batendo recordes no governo Haddad?

 

Em 2005, o ministério público do Estado de São Paulo enviou à prefeitura 147 requerimentos de informação, em média 12 a cada mês. De janeiro a setembro do ano passado – nove meses, portanto –, os promotores do Estado trabalharam bem mais nos assuntos relacionados à prefeitura paulistana. Foram 658 requerimentos, média mensal de 73 ofícios.

Uma diferença de 608%.

Em 2005, o prefeito era José Serra, do PSDB. Em 2013, Fernando Haddad, do PT.

O levantamento foi realizado pela secretaria de governo da prefeitura, o órgão que tem entre suas atribuições responder aos requerimentos do MP.

A explosão de requerimentos no governo Haddad pode ser coincidência, mas vale a pena examinar alguns fatos recentes.

A denúncia de que o governo do Estado de São Paulo recebeu propina de empresas que têm contrato com o Metrô, a CPTM e a CESP é antiga. Tem pelo menos seis anos. Mas ficou esquecida nos escaninhos do MP até que a Justiça da Suíça condenasse o ex-diretor de uma estatal paulista, e o caso ganhasse repercussão internacional.

Outro exemplo é o das enchentes. A chuva em São Paulo é um problema de séculos. Em 2003, no governo de Marta Suplicy, o ministério público abriu inquérito para apurar responsabilidades.

A investigação ficou parada até esta semana, quando a promotoria de habitação e urbanismo decidiu ir à Justiça para cobrar indenização.

Segundo o levantamento da prefeitura, o ímpeto investigativo do MP tem aumentado à medida que a administração se descola da órbita do governo do Estado.

Em 2006, quando assumiu no lugar de José Serra, que se candidatou a governador, Gilberto Kassab era um satélite do PSDB e foi pouco incomodado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

Kassab teve de responder a apenas 177 requerimentos de informação, em média 14 por mês. Em 2007, 2008 e 2009, a média mensal oscilou entre 15 e 19 requerimentos.

Em 2010, quando Kassab já se aproximava do governo federal, a média aumentou para 25.

Em 2011, a média foi de 34 e, em 2012, 42.

Com Haddad, o número de requerimentos explodiu. Quase dobrou. Foi a 73 requerimentos por mês.

Para efeito de comparação, a secretaria de governo levantou o número de requerimentos apresentados por outros órgãos de investigação.

No caso do ministério público federal, o número de requerimentos se mantém na média de 10 por ano.

O ministério público do trabalho também investiga a prefeitura, mas o número de ações mudou pouco entre 2005 e 2013.

Joaquim de Carvalho

Jornalista, com passagem pela Veja, Jornal Nacional, entre outros. joaquimgilfilho@gmail.com

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