Irã anuncia fim das restrições do acordo nuclear e desafia potências ocidentais

Atualizado em 19 de outubro de 2025 às 14:53
Irã anuncia que seu programa nuclear deixa de seguir restrições impostas por acordo internacional

O governo do Irã anunciou neste sábado (18) que deixará de cumprir as restrições impostas ao seu programa nuclear pelo acordo internacional firmado em 2015 com as grandes potências mundiais. A decisão foi divulgada em comunicado do Ministério das Relações Exteriores iraniano, coincidindo com a data de expiração do pacto, que completou dez anos desde sua ratificação pela ONU.

“Todos os dispositivos do acordo, incluindo as restrições previstas ao programa nuclear iraniano e os mecanismos relacionados, são considerados encerrados”, afirmou o comunicado oficial. Apesar da ruptura, o governo iraniano declarou que “continua firmemente comprometido com a diplomacia”, sinalizando que ainda pode dialogar com as potências envolvidas no tratado.

O Acordo de Viena foi assinado em 2015 entre o Irã e o grupo formado por Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. O texto previa que Teerã limitaria seu programa nuclear a fins exclusivamente civis, em troca da suspensão de sanções econômicas. O pacto foi abalado em 2018, quando o então presidente americano Donald Trump retirou os EUA do acordo e reimpôs sanções ao país persa.

Bandeira do Irã localizada em uma praça no centro de Teerã • Morteza Nikoubazl/NurPhoto/Getty Images via CNN Newsource

Desde então, o Irã passou a se afastar gradualmente dos compromissos, elevando o nível de enriquecimento de urânio para 60%, bem acima do limite de 3,67% estipulado originalmente. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alerta que o país é hoje o único sem armas nucleares a operar nesse nível, próximo dos 90% necessários para produzir uma bomba atômica. Teerã, porém, insiste que seu programa tem fins pacíficos.

A cooperação entre o Irã e os inspetores da AIEA foi suspensa após a guerra de junho com Israel, quando o Exército israelense — com apoio dos Estados Unidos — bombardeou instalações nucleares e balísticas iranianas em Fordo, Natanz e Isfahan. O episódio levou ao colapso das negociações indiretas entre Washington e Teerã.

Em resposta, Reino Unido, França e Alemanha ativaram em agosto o mecanismo de “snapback”, que permite restabelecer automaticamente as sanções da ONU. Os três países afirmaram que o Irã não apresentou provas suficientes de que suas atividades nucleares são pacíficas. No fim de setembro, as sanções foram oficialmente reativadas, aprofundando o isolamento diplomático iraniano e reacendendo o temor de uma nova corrida nuclear no Oriente Médio.