
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, declarou neste domingo (2) que o país reconstruirá as instalações nucleares destruídas por ataques de Israel e dos Estados Unidos durante a guerra de 12 dias ocorrida em junho. Em visita à Organização Iraniana de Energia Atômica, em Teerã, Pezeshkian afirmou que os bombardeios “não farão o país retroceder” e prometeu reconstruir as estruturas “com mais força”.
Os ataques realizados entre 13 e 24 de junho atingiram centros nucleares em Natanz e Isfahan, bases militares, prédios residenciais e a sede da emissora estatal iraniana. Israel iniciou a ofensiva após uma série de ataques-surpresa a Tel Aviv, e os Estados Unidos entraram no conflito no dia 22, bombardeando as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan. O então presidente americano Donald Trump afirmou que o programa nuclear iraniano havia sido “completamente destruído” e ameaçou novos ataques caso Teerã tentasse reconstruí-lo.
Durante o pronunciamento, Pezeshkian insistiu que o programa nuclear iraniano tem fins civis, voltado à pesquisa médica e à geração de energia. “Tudo isso é destinado a resolver os problemas do povo, para doenças, para a saúde”, disse à imprensa estatal. Ainda assim, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã continua sendo o único país sem armas nucleares a enriquecer urânio a 60%, nível próximo ao limite de 90% necessário para a produção de uma bomba atômica.

O líder iraniano também reafirmou que os ataques não abalaram a determinação do país em manter o domínio da tecnologia nuclear. Em outubro, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, já havia declarado que “Trump sonha se pensa ter destruído as bases nucleares do país”. O governo iraniano considera que a ofensiva de junho buscou enfraquecer sua soberania científica e militar, mas diz que o plano nuclear permanece operacional.
Em meio às tensões, o Irã anunciou no mês passado que não seguirá mais as restrições do acordo nuclear de 2015, firmado com Alemanha, China, EUA, França, Reino Unido e Rússia. Na prática, o governo de Teerã já havia deixado de cumprir as metas há anos, após a retomada das sanções internacionais pelos países signatários. O rompimento formal reforça o fim definitivo do pacto que limitava o enriquecimento de urânio em troca da suspensão de penalidades econômicas.
A AIEA e potências europeias demonstraram preocupação com o anúncio de reconstrução das instalações, temendo nova escalada militar no Oriente Médio. Enquanto isso, Washington e Tel Aviv mantêm vigilância sobre o avanço do programa nuclear iraniano, que continua sob forte sanção internacional.