
Os últimos meses da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na prisão italiana foram marcados por isolamento, problemas de saúde e sucessivas derrotas judiciais.
Detida em Roma desde 29 de julho, a parlamentar tentou em vão obter a liberdade com base em laudos médicos que apontam fibromialgia, doença cardiovascular e sintomas de depressão. A Justiça da Itália rejeitou todos os pedidos, e o Ministério Público do país se manifestou favorável à sua extradição para o Brasil em 22 de outubro.
Durante o período de encarceramento, Zambelli manteve contato limitado com a equipe de defesa e participou por videoconferência de audiências no Brasil. Em 24 de setembro, ela prestou depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, onde afirmou ter desmaiado oito vezes enquanto esteve presa. Na ocasião, a deputada negou as acusações que levaram às condenações no Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso teve origem em 17 de maio, quando a Primeira Turma do STF condenou Zambelli a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. A ação incluiu a criação de um mandado falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. O Supremo também determinou a perda do mandato parlamentar.

Antes da prisão, Zambelli havia deixado o Brasil em 25 de maio e solicitado licença por “interesse particular”, aprovada pela Câmara em 5 de junho por 120 dias. O período terminou em 2 de outubro, e desde então a Casa passou a contabilizar as faltas da deputada. O regimento interno prevê perda de mandato em caso de ausência em mais de um terço das sessões sem justificativa.
As tentativas da defesa de reverter a prisão incluíram alegações de que o confinamento agravaria o quadro clínico da deputada. Advogados pediram transferência para um hospital ou prisão domiciliar, mas a Justiça italiana entendeu que o tratamento médico poderia ser realizado dentro do sistema prisional. Nenhum recurso conseguiu alterar o quadro.
Atualmente, Carla Zambelli permanece detida em Roma, sob custódia italiana, aguardando a decisão final sobre sua extradição. O parecer favorável do Ministério Público da Itália representa o passo mais recente em um processo que se estende desde a sua fuga do Brasil, em maio, e coloca a parlamentar mais próxima de retornar para cumprir pena em território brasileiro.