Israel admite que matou civis que buscavam comida em Gaza

Atualizado em 30 de junho de 2025 às 18:10
Palestinos ao lado de mortos e feridos por ataque israelense a centro de distribuição de alimentos em Khan Yunis, em Gaza, no último dia 17. Foto: Hatem Khaled/Reuters

As Forças de Defesa de Israel (FDI) admitiram nesta segunda (30) que mataram civis palestinos que buscavam por ajuda humanitária em Gaza. Em comunicado, militares atribuíram os assassinatos a disparos de artilharia “imprecisos” e acusou o Hamas de inflar o número de vítimas.

Israel ainda alega que os ataques ocorreram enquanto as tropas tentavam restringir o acesso de civis a zonas sensíveis e estima que entre 30 e 40 palestinos foram mortos ou feridos durante os bombardeios. Militares chamam a situação de “trágica”, mas dizem que tentavam proteger áreas sensíveis.

O porta-voz do escritório de direitos humanos das Nações Unidas, Thameen Al-Kheetan, detonou Israel pelo assassinato de civis que buscavam comida e afirmou que “os militares israelenses bombardearam e atiraram em palestinos que tentavam chegar aos pontos de distribuição, causando muitas mortes”.

Ele ainda aponta que mais de 410 palestinos morreram devido aos bombardeios israelenses e que ao menos outros 93 foram mortos enquanto tentavam acessar os poucos comboios de ajuda da ONU (Organização das Nações Unidas) e de outras organizações humanitárias. Além disso, pelo menos 3 mil pessoas ficaram feridas nesses episódios.

Militares das Forças de Defesa de Israel (FDI). Foto: Divulgação

Na semana passada, as Nações Unidas condenaram as ações de Israel, caracterizando o uso de alimentos como uma “arma” e considerando isso um “crime de guerra”. O bloqueio imposto por Israel desde o início do conflito afetou gravemente a escassez de alimentos em Gaza, colocando em risco os 2,3 milhões de habitantes da região, que enfrentam níveis extremos de insegurança alimentar.

Com o bloqueio parcialmente levantado no mês passado, as Nações Unidas têm tentado enviar itens essenciais para Gaza, mas enfrenta obstáculos. Além das estradas congestionadas, o processo tem sido dificultado por ataques aéreos contínuos e pelas crescentes restrições impostas pelos militares israelenses.

Na madrugada desta segunda, tanques israelenses avançaram para o leste do subúrbio de Zeitoun, na Cidade de Gaza, e bombardearam várias áreas no norte do enclave palestino. Aeronaves israelenses também atacaram ao menos quatro escolas que haviam sido transformadas em abrigos temporários para centenas de famílias. Ao menos 25 pessoas morreram, dez delas em Zeitoun.