Israel bombardeia o Catar e diz que mirou em líderes do Hamas

Atualizado em 9 de setembro de 2025 às 14:05
Fumaça levantada por bombardeio israelense no Catar. Foto: reprodução

O Exército israelense confirmou nesta terça-feira (9) que conduziu, em cooperação com a agência de segurança interna Shin Bet, um ataque aéreo contra Doha, capital do Catar, com o objetivo de assassinar líderes do Hamas. Segundo a emissora catari Al Jazeera e a agência Reuters, todos os integrantes do grupo presentes no local sobreviveram. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram explosões e nuvens de fumaça escura no centro da cidade.

Em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou: “A ação de hoje contra os principais líderes terroristas do Hamas foi uma operação israelense totalmente independente. Israel iniciou, Israel conduziu e Israel assume total responsabilidade”.

A declaração pareceu ter a intenção de afastar suspeitas de envolvimento dos Estados Unidos, aliado histórico do país. O ataque teria como alvo Khalil Al-Hayya, principal negociador do grupo, apontado como um dos líderes responsáveis por coordenar atividades da organização.

Israel disse que continuará buscando os dirigentes “em qualquer lugar do mundo”, lembrando o assassinato de Ismail Haniyeh, morto em Teerã no ano anterior.

O bombardeio ocorreu poucas horas depois de o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, ter anunciado que Tel Aviv aceitou uma proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada pelos Estados Unidos. A ofensiva também veio na esteira de declarações do chefe do Exército israelense, Eyal Zamir, que havia ameaçado perseguir os líderes do Hamas que vivem no exterior.

O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, elogiou a ação, chamando-a de “decisão correta”. “Terroristas não têm e não terão imunidade contra o longo braço de Israel em nenhum lugar do mundo”, escreveu Smotrich nas redes sociais.

O Catar condenou duramente o ataque. Majed Al-Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que a explosão atingiu prédios residenciais em Doha que abrigavam integrantes do gabinete político do Hamas.

“Este ataque criminoso constitui uma flagrante violação de todas as leis e normas internacionais e uma grave ameaça à segurança dos catarianos e residentes do Catar”, disse em comunicado. Ele acrescentou que o país “não tolerará este comportamento irresponsável de Israel e sua contínua interferência na segurança regional, bem como qualquer ação que vise sua segurança e soberania”.

Altos líderes do Hamas vivem exilados no Catar há anos, e o país tem atuado como mediador frequente em negociações entre Israel e o grupo. A Al Jazeera informou que, no momento do ataque, dirigentes discutiam a proposta de trégua apresentada pelo presidente estadunidense Donald Trump. Uma fonte sênior do Hamas declarou que todos sobreviveram.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.